quinta-feira, 10 de agosto de 2017





Vista Panorâmica - foto: Divulgação

Para quem ainda não conhece, e até nunca ouviu falar no lugar, Gonçalves seria apenas um sobrenome de família. É um grande equívoco. Esta pequena cidade, encravada na Serra da Mantiqueira, faz parte do chamado circuito turístico Serras Verdes do Sul de Minas, ao lado de Monte Verde, e de Santo Antônio do Pinhal e Campos do Jordão, no Estado de São Paulo. E se tornou um destino cada vez mais procurado, principalmente por quem é adepto do ecoturismo e da prática de atividades aquáticas e radicais que incluem o aquatrekking, bóia cross e cachoeirismo.

Caminhando em Gonçalves:
 foto: Simone Amato
Mas a demanda também é grande pelos que buscam o convívio da natureza, fugindo do agito dos grandes centros urbanos, em uma região caracterizada por um clima de montanha e ar puro, a tranquilidade e a hospitalidade mineira. Tudo cercado por belas paisagens, com bosques de araucárias, cachoeiras e ribeirões que formam piscinas naturais, trilhas para caminhadas em meio a mata e picos para serem escalados. Tem ainda um artesanato variado e de bom gosto, rede hoteleira confortável e restaurantes que oferecem a comida típica da fazenda, feita em fogão à lenha, complementada por doces e tortas irresistíveis.

Uma excelente oportunidade para você conhecer este verdadeiro resumo de Minas  e provar a qualidade e variedade da culinária local é o próximo Festival da Cultura e Gastronomia da Roça, que já vai para a sua sexta edição. É realizado de 27 a 29 de outubro e de 2 a 5 de novembro. O evento, promovido pela Associação Pró-Turismo de Gonçalves, em parceria com a Prefeitura local, atraiu mais de 10 mil pessoas em 2016 e reuniu 23 participantes, entre restaurantes, bistrôs, botecos e cafés.

Bruce leva você às cachoeiras

Contato direto com a natureza
foto: Simone Amato
Os principais pontos de interesse turístico no município, claro, envolvem o contato com a natureza. E conhecê-los vai depender do seu tempo de permanência, gosto e disposição para caminhadas em trilhas e escaladas em pedras e picos com maior ou menor grau de dificuldade e banhos nas piscinas naturais das numerosas cachoeiras e ribeirões. A maioria dos locais tem fácil acesso, mas é aconselhável, para não correr riscos, fazer os passeios acompanhados de um guia. As pedras não possuem parapeito e as cachoeiras não contam com barras de segurança.

E por falar em guia, pode acreditar não há melhor do que o Bruce, um cão da raça Golden Rewtrever, de 5 anos, que mora em uma pousada e é a mais nova atração em Gonçalves. O animal, muito dócil, conhece as trilhas e vai na frente conduzindo o turista pela mata, sem vacilar, até cachoeiras como as de Sete Quedas e do Cruzeiro. E até toma banho nas piscinas naturais das quedas para se refrescar. Depois, faz o caminho de volta até a porta do quarto do hóspede. Bruce, o cão guia de turismo, já virou um astro de TV, aparecendo em uma reportagem do Programa Hoje em Dia, do R7.  Só um detalhe: a demanda pela companhia de Bruce é grande.

Neste roteiro de aventuras está a Pedra Bonita, com 2.120 metros de altitude. Do seu topo pode se avistar a Serra do Mar, uma parte do Sul de Minas e o Vale do Paraíba. O acesso é por uma trilha em mata fechada, a 1.500 metros de altitude, até onde dá para chegar de carro. O percurso da trilha é, em média, de sete horas, sendo necessária a presença de guias turísticos.

Assim é Gonçalves
foto: Simone Amato
Outra pedida é a Pedra Chanfrada, com 1.771 metros de altitude, que fica no Bairro Terra Fria, a 10 km da zona urbana. Lá de cima é possível ver a Pedra do Forno, Bauzinho e o Pico Agudo, em Campos do Jordão. 

A Pedra da Divisa, com 1.400 metros de altitude, é um grande bloco de rocha que faz parte do complexo da Serra da Balança. É muito utilizado em escaladas, com vários caminhos para a prática desse esporte. Do alto pode-se observar a Pedra do Baú e as cidades de Sapucaí Mirim e Campos do Jordão. O acesso até o topo da pedra é feito com carros de tração 4X4, de moto ou a pé. 

No bairro Atrás da Pedra, a 6 km da zona urbana, está a Pedra do Cruzeiro. Tem 1.152 metros de altitude e é muito conhecida por ser palco de uma Via-Sacra, na Sexta-feira Santa, que atrai também adeptos do turismo ecológico.

Um dos pontos mais procurados é a Pedra do Forno, com 1.913 metros de altitude. Está localizada no Bairro Terra Fria e a caminhada dura 1h00, em meio a bela paisagem, Próximo do topo, o caminho termina em degraus de ferro que são presos à pedra. 

Não faltam cachoeiras
foto: Simone Amato
A Pedra do Grotão fica no bairro do mesmo nome. A trilha que leva até ela é bastante íngreme e tem muita vegetação nativa. É muito utilizada para esportes de aventura, entre os quais o rappel. Lá de cima  avista-se a Pedra do Baú, Campos do Jordão e vários bairros de Gonçalves.

E tome cachoeiras
foto: Simone Amato
A última atração  é também a mais distante: Pedra de São Domingos, no município vizinho de Córrego do Bom Jesus, a cerca de 20 km do centro de Gonçalves.  A vista é fantástica e em dias ensolarados é possível ver várias cidades do Sul de Minas e até mesmo a Rodovia Fernão Dias. O acesso pode ser feito por trilha, em caminhada de 19 quilômetros ou de carro até o topo num total de 22 km,



Pra quem gosta de água fria
foto: Simone Amato
Quanto ás quedas d’água, são indicadas as Cachoeiras do Retiro, do Simão, dos Henriques, das Andorinhas e do Cruzeiro, localizadas mais próximas do centro de Gonçalves. Vá sempre com um guia.
Um pouco da história
 
De acordo com os registros, Gonçalves tem sua origem ligada á construção da capela de Nossa Senhora das Dores, erguida de sapé e taipa, em 1878, em terras da Fazenda Rio Manso, na divisa entre Minas e São Paulo, doadas por Policarpo Júnior como pagamento de uma promessa. Ele era o filho caçula do imigrante português Policarpo Teixeira de Andrade de Queiroz, que vaio para o Brasil em 1825. Em 1897, por sentença judicial, a capela foi transferida para as margens do rio Sapucaí, onde hoje é a igreja Matriz, cujo alicerce data de 1920, feito com maciços blocos de pedra da região transportadas pelas famílias de Gonçalves em carros de boi. A inauguração ocorreu somente em 1973.

Ateliê Dona Rosa
foto: Simone Amato
Alguns historiadores contam que o motivo da mudança da primitiva capela foi uma divergência entre os primeiros moradores e herdeiros da fazenda. Três colonos mestiços e solteiros residiam no local: Mariana Gonçalves, Maria Gonçalves e Antônio Gonçalves que não deixaram descendentes mas legaram seus nomes à capela que é popularmente conhecida como Capela das Dores dos Gonçalves. Daí o nome dado á cidade.

O pequeno povoado se desenvolveu. foi elevado a Distrito da Paz e, desde 1º de março de 1963, Gonçalves tornou-se município deixando de ser distrito de Paraisópolis, com quem se limita. Sua população fixa é de pouco mais de 4 mil habitantes, a maioria vivendo na zona rural. A atividade agrícola cresceu de tal forma que há inclusive uma empresa de produtores orgânicos que realiza uma feira aos sábados e que, de caminhão, leva cestas para abastecer restaurantes especializados na cidade de São Paulo.

Onde se hospedar

Chalé Cafundó
foto: divulgação
O receptivo de Gonçalves dispõe de um bom número de estabelecimentos confortáveis, que inclui dezenas de pousadas e chalés. Muitos incluem o café da manhã na diária. Um dos melhores nesta categoria é o Chalés Cafundó, que tem diária a R$ 220 o casal. Mas na
Festival de Gastronomia
foto: Divulgação

época de eventos como o próximo Festival de Gastronomia, Festival de Inverno e férias,  em julho, e feriado religioso, como a Semana Santa, nas festas de Natal e Ano Novo, aconselha-se fazer reserva com antecedência.  Agências de viagens em São Paulo, Rio e Belo Horizonte e sites como o da Associação Pró-Turismo de Gonçalves (Gonçalvestur) ajudam você a escolher a opção que melhor combina com o seu bolso.

Não faltam bons restaurantes
foto: Simone Amato
Na hora de provar a saborosa comida mineira, da fazenda mesmo, que inclui o tradicional feijão tropeiro, e até pratos da cozinha internacional, há muitas e excelentes opções. A maioria dos estabelecimentos fica no centro da cidade ou nas próprias pousadas. Mas em bairros mais rurais há famílias que recebem em suas casas e servem as comidas típicas da região..

Os caminhos até Gonçalves
 Escolha a melhor opção, desde São Paulo.
 Pegue as rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto (SP-070) até Taubaté, continuando na Floriano Rodrigues Pinheiro (trecho da BR-383) sentido Campos do Jordão. Observar a saída para Santo Antônio do Pinhal (SP-046), atravessar a cidade e pegar a Rodovia Monteiro Lobato (BR-050) – direção sul de Minas – até a saída indicando São Bento do Sapucaí (SP-042). Passar por São Bento e seguir em frente por mais 7 km, cruzando a divisa com o Estado de Minas (MG-173), até a próxima saída à esquerda para Gonçalves. A partir desse ponto, são mais 13 km subindo a serra até a cidadeTotal em km: 221.
A paisagem está completa
foto: Simone Amato
 Ou vá pela Dutra (BR-116) até Taubaté, continuando na rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro (trecho da BR-383) sentido Campos do Jordão. Observar saída para Santo Antônio do Pinhal (SP-046), atravessar a cidade e pegar a rodovia Monteiro Lobato (BR-050) – direção sul de Minas – até a saída indicando São Bento do Sapucaí (SP-042). Passar por São Bento e seguir em frente por mais 7 km, cruzando a divisa com o Estado de Minas (MG-173), até a próxima saída à esquerda em direção a Gonçalves. A partir desse ponto, são mais 13 km subindo a serra até a cidadeTotal em km: 211.
Caso prefira a Fernão Dias (BR-381), siga até o km 899 em Cambuí. Saia à direita, atravesse a cidade seguindo as placas indicando Córrego do Bom Jesus e Gonçalves. Após Córrego do Bom Jesus, começa a estrada de terra por 23 km. Em dias secos, não há problema, mas se estiver chovendo e o carro não for 4×4, é desaconselhável seguir por ela. Total em km: 183.




3 comentários:

  1. Ótima sua matéria, muito bem escrita e detalhada, para quem se interessar. Suas pesquisas à respeito de seu blog, são dedicadas e profundamente extraídas do lugar certo. Parabéns meu amor, meu jornalista predileto, preferido e completo. Beijinhos.

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