Expresso
Turístico leva você a uma vila em estilo vitoriano próximo da Serra do Mar
foto: CPTM |
Já
terminou o XVII Festival de Inverno que nos quatro últimos fins de semana de
julho atraiu cerca de 100 mil turistas a Paranapiacaba, um distrito de Santo André,
no ABC, a 48 quilômetros da Capital. Mas não é necessário aguardar até o
próximo ano para conhecer esta charmosa e histórica vila que conserva seu
casario de arquitetura em estilo vitoriano.
Sua origem data de 1867, quando dezenas de ingleses desembarcaram no Brasil e iniciaram, junto com outros
imigrantes e brasileiros, a construção da primeira ferrovia do Estado de São
Paulo, em meio à rota que ligava Jundiaí ao porto de Santos. Um Expresso
Turístico da CPTM levará você até lá em não mais do que 1h30 de confortável
viagem e que proporciona a visão de belas paisagens de um trecho da Serra do
Mar por onde o trem passa. .
foto: CPTM |
O único
inconveniente é que, por ser realizado só aos domingos, a procura por este
passeio é tamanha que exige a compra do bilhete com dois meses de antecedência
para garantir uma vaga, principalmente para quem pensa conhecer a vila no período
das férias ou nos feriados . A locomotiva, dos anos 1960, parte às 8h30 da
plataforma 4 da Estação da Luz e retorna às 16h30, com chegada às 18 horas no mesmo local.
Inaugurado
em 18 de abril de 2009 pela CPTM e Secretaria dos Transportes Metropolitanos,
este serviço foi desenvolvido para aqueles que veem a ferrovia não apenas como
um simples e eficiente meio de transporte para a sua mobilidade, mas uma grande
oportunidade para conhecer sua história, além de ser uma nova opção que permite
visitar diversos pontos de interesse turístico na região metropolitana de São
Paulo.
foto: CPTM |
O
Expresso Turístico resgata o glamour das viagens férreas. A viagem é feita em
uma locomotiva a diesel da CPTM, que
conduz dois carros de passageiros, de aço inoxidável, fabricados no Brasil pela Budd – Mafersa e cedidos pela
ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária). Os vagões foram
restaurados nas oficinas da empresa e tem 174 poltronas para acomodar
confortavelmente os turistas, além de espaço reservado para cadeira de rodas
(com cinto de segurança). Durante o percurso, monitores dão informações
sobre a história do sistema ferroviário paulista desde a sua implantação até os
dia atuais e as estações da CPTM.
foto> CPTM |
A CPTM tem
dois outros roteiros interessantes aos sábados: para Jundiaí (três sábados por
mês) e Mogi das Cruzes (sempre no segundo sábado de cada mês). Os horários de
ida e volta e o local de saída e chegada são os mesmos e também é preciso
comprar o bilhete com a mesma antecedência do passeio para Paranapiacaba.
Para
Paranapiacaba a viagem é feita ao longo da Linha 10-Turquesa e
corta a região do ABC, seguindo em direção à Serra do Mar, passando pela antiga
rota do café. Assim que desembarcam, os turistas entram em contato com o
cenário de ruas estreitas, construções de madeira, avermelhadas e com a neblina
que surge no final da tarde dando um toque londrino à paisagem urbana da vila
de arquitetura inglesa que testemunhou o importante período de expansão das
ferrovias no país. Uma passarela sobre a linha do trem liga a área mais antiga
à região alta.
Entre
as principais atrações para serem visitadas na permanência de mais de quatro
horas na vila, até o retorno ao trem, e que se constituem em marcos importantes
da época de sua fundação, está a Estação Alto da Serra, restaurada e ponto de
desembarque do Expresso Turístico. Construído em 1898, o seu relógio é avistado
de longe e reproduz o som que faz lembrar o do famoso Big Ben que marca as
horas do cotidiano londrino. No local também está instalado o Museu do Sistema
Funicular, com trens da São Paulo Railway Company e vagões utilizados no
período imperial para transportar Dom Pedro II. Pode ser vista ali a segunda
locomotiva mais antiga do Brasil em operação e que hoje integra o acervo da
Associação Brasileira de Preservação Ferroviária.
Mas
para o visitante nada é mais impactante
do que andar pelas vielas da vila, apreciando as casas cuja maioria é feita em
pinho de Riga, madeira nobre do Leste
Europeu, e sentindo-se em um ambiente britânico. Na parte alta fica a Igreja
Bom Jesus de Paranapiacaba, construída
em 1889, e a mais antiga de Santo André, onde é celebrada a Festa do Padroeiro.
foto: CPTM |
A
partir do topo de uma colina pode se ver um casarão de estilo vitoriano, conhecido
como Castelinho, erguido em 1897 e que era a residência do engenheiro chefe da
vila, Frederic Mens.
Dali ele controlava o funcionamento da ferrovia e vigiava o
trabalho dos operários no pátio de manobras. Hoje funciona como museu e no local
são guardados móveis antigos, fotos, documentos e um pequeno acervo de
equipamentos ferroviários.
Com o
passar dos anos, já em 1903, de acordo com os registros, a vila ganhou dois
clubes; o Serrano Futebol Clube, para as atividades do futebol, e o Lyra da Serra,
que cuidava das artes. Da fusão dos dois, 33 anos depois, nasceu o Clube União
Lyra Serrano, que era sede de óperas, exibição de filmes, bailes de máscaras e
peças de teatro. Neste prédio de
madeira, atualmente são realizados eventos culturais e sociais de
Paranapiacaba, incluindo o Festival de Inverno e a Feira Literária, realizada
pela primeira vez no ano passado. O espaço tem documentos históricos e troféus
conquistados pelo Serrano Atlético Clube, equipe que reunia trabalhadores
ingleses e brasileiros da ferrovia.
Para
quem gosta de seguir um circuito cultural, vale a pena conhecer o Antigo
Mercado, construção de 1897, onde havia um empório de secos e molhados e que
chegou a funcionar também como lanchonete. Ficou fechado por muitos anos, foi
restaurado e hoje é um centro cultural que recebe mostras temporárias e eventos
do Festival de Inverno. Outro exemplar de estilo arquitetônico do século XIX é
a Casa Fox que sedia exposições.
Interessados
na compra de artesanato têm três opções: o Ateliê Residência Som dá Árvore, que
tem miniaturas das casas da vila e do relógio da estação, feitas em madeira; o Ateliê
Residência Francisca, que vende bonecos fabricados com sementes, cordas e
couro; e a loja do artista Kiko de Oliveira, que comercializa peças e quadros
feitos em madeira. O endereço funciona também como lanchonete.
Os que
não abrem mão de caminhadas junto à natureza têm seis trilhas para escolher, no
Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba. Para os iniciantes há a
Trilha Pontinha, com 1 quilômetro e cujo percurso é de uma
hora. Num dia ensolarado,
os participantes podem-se refrescar nas piscinas naturais do Rio Grande. O
desafio que exige maior esforço é a Trilha do Mirante, com um percurso de 1.885
metros, por uma estrada íngreme de pedra. Mas no final compensa com a visão de
um trecho do litoral de São Paulo e do polo industrial de Cubatão.
foto: CPTM |
Eventualmente,
caso você só consiga fazer o passeio com o Expresso Turístico em abril do
próximo ano, nesse mês, nos fins de semana, é realizado o Festival do Cambuci,
um fruto típico da Mata Atlântica, rico em vitamina C. O evento reuniu 20 mil
pessoas na vila durante a 12ª edição em 2015. Pratos como a galinha caipira,
costela de porco, tapioca e pudim, servidos nos restaurantes, bares e casas de
comidinhas, são preparados com este fruto de sabor azedinho e que dá nome ao
tradicional bairro de São Paulo. Nas feirinhas de produtos gastronômicos há
licores, cachaça e sobremesas feitas com o cambuci. O sorvete é imperdível.
É bom
anotar que o bilhete do Expresso Turístico, para qualquer de seus três
destinos, é exclusivamente para a viagem de ida e
volta. Os pacotes dos roteiros com visitas às atrações em
Paranapiacaba devem ser comprados pelos interessados diretamente nas operadoras
de turismo regionais. Em 2016, segundo a CPTM, foram feitas102 viagens para as três
cidades. No total foram 14.334 turistas atendidos, sendo que 8.644 pessoas
visitaram Paranapiacaba nas 51 viagens do Expresso. Nas 39 viagens para Jundiaí,
4.754 turistas estiveram nesta região Para Mogi das Cruzes, as 12 viagens
do ano passado levaram 936 pessoas.,
A passagem custa R$ 48 para qualquer um dos três
roteiros, menos para o embarque na Estação Prefeito Celso Daniel, em Santo André,
com destino a Paranapiacaba, que sai por R$ 43. No entanto, os descontos podem chegar até 25% na compra
de quatro bilhetes. Os bilhets são vendidos diariamente, das 9h às 18h, nas bilheterias
das Estações da Luz e Prefeito Celso Daniel. Para mais informações e confirmar a abertura
de novas datas para viagens acesse o site: http://cptm.sp.gov.br/sua-viagem/ExpressoTuristico/Pages/Vagas-e-Calendario.aspx
Quem
optar por fazer o passeio de carro, se for pela Via Anchieta siga até o Km 29,
pela pista, marginal, sentido Riacho Grande. Entre na Estrada Velha do Mar
(SP-148, sentido Ribeirão Pires) e pegue a Rodovia Índio Tibiriçá (SP-31) até o
Km 45,5, na alça de acesso para a Rodovia Antônio Adib Chamas (SP-122) até
Paranapiacaba. De ônibus: embarque na linha 040 (Viação Ribeirão Pires), no
Terminal Rodoviário de Santo André até Paranapiacaba. De trem: acesse a linha
10 Turquesa da CPTM e desça na Estação Rio Grande da Serra, de onde parte o
ônibus 424 (Viação Ribeirão Pires) para Paranapiacaba.
Tudo muito bem explicadinho. Não ficou nenhuma dúvida. Beijinho.
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