quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Expresso Turístico leva você a uma vila em estilo vitoriano próximo da Serra do Mar

 

foto: CPTM
Já terminou o XVII Festival de Inverno que nos quatro últimos fins de semana de julho atraiu cerca de 100 mil turistas a Paranapiacaba, um distrito de Santo André, no ABC, a 48 quilômetros da Capital. Mas não é necessário aguardar até o próximo ano para conhecer esta charmosa e histórica vila que conserva seu casario de arquitetura em estilo vitoriano.

Sua origem data de 1867, quando dezenas de  ingleses desembarcaram no Brasil e iniciaram, junto com outros imigrantes e brasileiros, a construção da primeira ferrovia do Estado de São Paulo, em meio à rota que ligava Jundiaí ao porto de Santos. Um Expresso Turístico da CPTM levará você até lá em não mais do que 1h30 de confortável viagem e que proporciona a visão de belas paisagens de um trecho da Serra do Mar por onde o trem passa. .
foto: CPTM

O único inconveniente é que, por ser realizado só aos domingos, a procura por este passeio é tamanha que exige a compra do bilhete com dois meses de antecedência para garantir uma vaga, principalmente para quem pensa conhecer a vila no período das férias ou nos feriados . A locomotiva, dos anos 1960, parte às 8h30 da plataforma 4 da Estação da Luz e retorna às 16h30, com chegada às 18 horas no mesmo local. 

Inaugurado em 18 de abril de 2009 pela CPTM e Secretaria dos Transportes Metropolitanos, este serviço foi desenvolvido para aqueles que veem a ferrovia não apenas como um simples e eficiente meio de transporte para a sua mobilidade, mas uma grande oportunidade para conhecer sua história, além de ser uma nova opção que permite visitar diversos pontos de interesse turístico na região metropolitana de São Paulo.

foto: CPTM
O Expresso Turístico resgata o glamour das viagens férreas. A viagem é feita em uma locomotiva a diesel da CPTM, que conduz dois carros de passageiros, de aço inoxidável, fabricados no Brasil pela Budd – Mafersa e cedidos pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária). Os vagões foram restaurados nas oficinas da empresa e tem 174 poltronas para acomodar confortavelmente os turistas, além de espaço reservado para cadeira de rodas (com cinto de segurança). Durante o percurso, monitores dão informações sobre a história do sistema ferroviário paulista desde a sua implantação até os dia atuais e as estações da CPTM.

foto> CPTM
A CPTM tem dois outros roteiros interessantes aos sábados: para Jundiaí (três sábados por mês) e Mogi das Cruzes (sempre no segundo sábado de cada mês). Os horários de ida e volta e o local de saída e chegada são os mesmos e também é preciso comprar o bilhete com a mesma antecedência do passeio para Paranapiacaba.

Para Paranapiacaba a viagem é feita ao longo da Linha 10-Turquesa e corta a região do ABC, seguindo em direção à Serra do Mar, passando pela antiga rota do café. Assim que desembarcam, os turistas entram em contato com o cenário de ruas estreitas, construções de madeira, avermelhadas e com a neblina que surge no final da tarde dando um toque londrino à paisagem urbana da vila de arquitetura inglesa que testemunhou o importante período de expansão das ferrovias no país. Uma passarela sobre a linha do trem liga a área mais antiga à região alta.

Entre as principais atrações para serem visitadas na permanência de mais de quatro horas na vila, até o retorno ao trem, e que se constituem em marcos importantes da época de sua fundação, está a Estação Alto da Serra, restaurada e ponto de desembarque do Expresso Turístico. Construído em 1898, o seu relógio é avistado de longe e reproduz o som que faz lembrar o do famoso Big Ben que marca as horas do cotidiano londrino. No local também está instalado o Museu do Sistema Funicular, com trens da São Paulo Railway Company e vagões utilizados no período imperial para transportar Dom Pedro II. Pode ser vista ali a segunda locomotiva mais antiga do Brasil em operação e que hoje integra o acervo da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária.

Mas para o visitante nada é  mais impactante do que andar pelas vielas da vila, apreciando as casas cuja maioria é feita em pinho de Riga, madeira nobre  do Leste Europeu, e sentindo-se em um ambiente britânico. Na parte alta fica a Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba,  construída em 1889, e a mais antiga de Santo André, onde é celebrada a Festa do Padroeiro.
foto: CPTM

A partir do topo de uma colina pode se ver um casarão de estilo vitoriano, conhecido como Castelinho, erguido em 1897 e que era a residência do engenheiro chefe da vila, Frederic Mens.

 Dali ele controlava o funcionamento da ferrovia e vigiava o trabalho dos operários no pátio de manobras. Hoje funciona como museu e no local são guardados móveis antigos, fotos, documentos e um pequeno acervo de equipamentos ferroviários.

Com o passar dos anos, já em 1903, de acordo com os registros, a vila ganhou dois clubes; o Serrano Futebol Clube, para as atividades do futebol, e o Lyra da Serra, que cuidava das artes. Da fusão dos dois, 33 anos depois, nasceu o Clube União Lyra Serrano, que era sede de óperas, exibição de filmes, bailes de máscaras e peças de teatro.  Neste prédio de madeira, atualmente são realizados eventos culturais e sociais de Paranapiacaba, incluindo o Festival de Inverno e a Feira Literária, realizada pela primeira vez no ano passado. O espaço tem documentos históricos e troféus conquistados pelo Serrano Atlético Clube, equipe que reunia trabalhadores ingleses e brasileiros da ferrovia.    

Para quem gosta de seguir um circuito cultural, vale a pena conhecer o Antigo Mercado, construção de 1897, onde havia um empório de secos e molhados e que chegou a funcionar também como lanchonete. Ficou fechado por muitos anos, foi restaurado e hoje é um centro cultural que recebe mostras temporárias e eventos do Festival de Inverno. Outro exemplar de estilo arquitetônico do século XIX é a Casa Fox que sedia exposições.

Interessados na compra de artesanato têm três opções: o Ateliê Residência Som dá Árvore, que tem miniaturas das casas da vila e do relógio da estação, feitas em madeira; o Ateliê Residência Francisca, que vende bonecos fabricados com sementes, cordas e couro; e a loja do artista Kiko de Oliveira, que comercializa peças e quadros feitos em madeira. O endereço funciona também como lanchonete.

Os que não abrem mão de caminhadas junto à natureza têm seis trilhas para escolher, no Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba. Para os iniciantes há a Trilha Pontinha, com 1 quilômetro e cujo percurso é de uma
foto: CPTM
hora. Num dia ensolarado, os participantes podem-se refrescar nas piscinas naturais do Rio Grande. O desafio que exige maior esforço é a Trilha do Mirante, com um percurso de 1.885 metros, por uma estrada íngreme de pedra. Mas no final compensa com a visão de um trecho do litoral de São Paulo e do polo industrial de Cubatão.  

Eventualmente, caso você só consiga fazer o passeio com o Expresso Turístico em abril do próximo ano, nesse mês, nos fins de semana, é realizado o Festival do Cambuci, um fruto típico da Mata Atlântica, rico em vitamina C. O evento reuniu 20 mil pessoas na vila durante a 12ª edição em 2015. Pratos como a galinha caipira, costela de porco, tapioca e pudim, servidos nos restaurantes, bares e casas de comidinhas, são preparados com este fruto de sabor azedinho e que dá nome ao tradicional bairro de São Paulo. Nas feirinhas de produtos gastronômicos há licores, cachaça e sobremesas feitas com o cambuci. O sorvete é imperdível.

É bom anotar que o bilhete do Expresso Turístico, para qualquer de seus três destinos, é exclusivamente para a viagem de ida e volta. Os pacotes dos roteiros com visitas às atrações em Paranapiacaba devem ser comprados pelos interessados diretamente nas operadoras de turismo regionais. Em 2016, segundo a CPTM, foram feitas102 viagens para as três cidades. No total foram 14.334 turistas atendidos, sendo que 8.644 pessoas visitaram Paranapiacaba nas 51 viagens do Expresso. Nas 39 viagens para Jundiaí, 4.754 turistas estiveram nesta região  Para Mogi das Cruzes, as 12 viagens do ano passado levaram 936 pessoas.,

A passagem custa R$ 48 para qualquer um dos três roteiros, menos para o embarque na Estação Prefeito Celso Daniel, em Santo André, com destino a Paranapiacaba, que sai por R$ 43. No entanto, os descontos podem chegar até 25% na compra de quatro bilhetes. Os bilhets são vendidos diariamente, das 9h às 18h, nas bilheterias das Estações da Luz e Prefeito Celso Daniel.  Para mais informações e confirmar a abertura de novas datas para viagens acesse o site: http://cptm.sp.gov.br/sua-viagem/ExpressoTuristico/Pages/Vagas-e-Calendario.aspx

 Quem optar por fazer o passeio de carro, se for pela Via Anchieta siga até o Km 29, pela pista, marginal, sentido Riacho Grande. Entre na Estrada Velha do Mar (SP-148, sentido Ribeirão Pires) e pegue a Rodovia Índio Tibiriçá (SP-31) até o Km 45,5, na alça de acesso para a Rodovia Antônio Adib Chamas (SP-122) até Paranapiacaba. De ônibus: embarque na linha 040 (Viação Ribeirão Pires), no Terminal Rodoviário de Santo André até Paranapiacaba. De trem: acesse a linha 10 Turquesa da CPTM e desça na Estação Rio Grande da Serra, de onde parte o ônibus 424 (Viação Ribeirão Pires) para Paranapiacaba.

 

 

 

 


 

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