quinta-feira, 1 de junho de 2017

Palacete Rosa no Ipiranga acolheu filhas de refugiados  russos
fonte: Jô Ferreira

fonte : Jô Ferreira
Conhecido como Palacete Rosa, construído em 1927 como residência do casal Munira e David Jafet,  da família libanesa que emigrou para o Brasil no fim do século XIX, o casarão da rua Bom Pastor, de número 801, chama atenção e impressiona a quantos passam diariamente por aquela via, na esquina com a rua dos Patriotas, no histórico bairro do Ipiranga. Mas o que talvez poucos sabem é que, no palacete de estilo mourisco, tombado e atualmente residência particular, funcionou, a partir dos anos 50 e por várias décadas, o Instituto Santa Olga, um internato de freiras para acolher filhas de imigrantes russos. Eles eram refugiados da II Guerra Mundial e chegavam ao país pelo porto de Santos.

fonte: Jô Ferreira
 O estabelecimento foi dirigido e mantido por muitos anos pelas religiosas da Companhia de Santa Úrsula ou Ordem das Irmãs Ursulinas da União Romana, como era conhecida oficialmente a instituição fundada por Santa Ângela de Merici, em 1535. A religiosa é uma das mais conhecidas santas da Idade Média, canonizada pelo papa Pio VII em 1807.
A presença da Ordem no Brasil foi iniciada na Bahia, por uma jovem de nome Úrsula Luiza de Montserrat, cujo nome deu origem ao trabalho da Companhia de Santa Úrsula no país. Com o objetivo de educar meninas e moças, e inspirada nas irmãs Ursulinas, ela fundou um convento, de Nossa Senhora das Mercês, em 1735, que é a casa mais antiga da Província no Brasil. Em 1739, o Pe. Gabriel Malagrida criou um outro núcleo de Ursulinas, fundando o Convento de Nossa Senhora da Soledade, também em Salvador.
Fonte: Jô Ferreira
Mas foi só em 1895 que chegaram as primeiras irmãs Ursulinas, procedentes da França, iniciando a partir daí a expansão da Ordem para outras regiões do Brasil, com a criação de diversos institutos. Um deles, o de São Vladimir, na década de 50, internato só para meninos que funcionou inicialmente em uma casa em São Paulo, depois foi transferido para Itu, Santos (Mosteiro de São Bento) e, finalmente em São Paulo, no bairro do Ipiranga.


Fonte: Jô Ferreira
O instituto acolhia e integrava crianças russas cujas famílias desembarcaram no porto como refugiadas da II Guerra Mundial e procedentes da Europa e da China. O trabalho deixou marcas importantes na vida das pessoas que o frequentaram. E até hoje os ex-internos continuam participando de eventos russos na cidade de São Paulo, em total inter-relação com os hábitos brasileiros.

O mesmo projeto foi desenvolvido no Instituto Santa Olga, também no bairro do Ipiranga, mas com um internato voltado exclusivamente para meninas, a partir de 1958. Neste ano, as Irmãs Ursulinas, estabelecidas com uma casa em Resende (RJ), se mudaram definitivamente para São Paulo. O Instituto adquiriu o Palacete Rosa da família Jaffet e passou a abrigar as filhas dos imigrantes russos refugiados da II Guerra Mundial.

Fonte: Jô Ferreira
As atividades da missão educacional do Instituto Santa Olga, no Ipiranga, foram encerradas no final da década de 90 e o Palacete Rosa adquirido em 2003, para sua residência, pelo conhecido psicólogo e médium Luiz Antônio Gasparetto. Consta, que ele teria concretizado um sonho de sua época de criança no bairro. Durante cerca de três anos, o casarão, com dois pavimentos e mais de 900 metros quadrados de área construída, passou por uma cuidadosa e meticulosa restauração externa e interna. A revitalização, concluída em 2006, foi conduzida pela arquiteta Josanda Ferreira, e procurou harmonizar o antigo e o contemporâneo.

Isso pode ser constatado no antigo porão, localizado no subsolo, que passou por uma das principais intervenções. O amplo espaço, de 340 m2, servia de dormitório para  as Irmãs Ursulinas, quando o Instituto Santa Olga funcionava no Palacete. As alunas ocupavam os quartos no segundo andar. Após a reforma, foi instalado no espaço um mistura de SPA e residência de verão, com academia, sauna e ducha e onde funciona também um estúdio. Ali, o atual proprietário desenvolve seus projetos de decoração e guarda uma coleção de mais de 1.300 filmes antigos.  

A revitalização preservou, do lado de fora, o antigo charme da construção cuja arquitetura é de estilo mourisco, com seu minarete, e no seu interior conservou e acrescentou ainda mais luxo e conforto às instalações, com a ajuda dos recursos modernos. Hoje, o Palacete Rosa, que os primeiros proprietários, Munira e David Jafet, ergueram há 90 anos, tem até um SPA com ofurô e home theather. Mas estes são detalhes que os olhos do público não podem admirar.





Nenhum comentário:

Postar um comentário