Kennedy,
Pelé, Golpe , Jumbo da JAL e o futuro na Expo’ 70
No período de 1962 a 1966, trabalhei na sucursal
paulista de O Globo, na Rua 24 de Maio. À noite, ia para a redação da Folha, para
cumprir um convênio entre as duas empresas.
Na sucursal de O Globo, entre outras funções,
acompanhava numa cabine os noticiários das principais emissoras de rádio. E foi
assim que ouvi a notícia que chocou o Mundo, em 22 de novembro de 1963: o assassinato
do presidente Kennedy, em Dallas.
Em 1964, quando aconteceu o golpe militar de 31 de
março, a redação e a administração da sucursal já ocupavam todo o 19º andar do
Edifício Zarvos, na esquina da Av. São Luiz com a Rua da Consolação. O acordo
com a Folha fora suspenso e reiniciado, agora, com o Estadão, com sede em
frente à sucursal de O Globo, na esquina das Ruas Major Quedinho e Martins
Fontes, no mesmo prédio do antigo Hotel Jaraguá.
foto O Globo |
Um passagem marcante na sucursal, onde também cuidava da área de esportes,
foi a cobertura do primeiro casamento de Pelé, com Rosemary Cholby, na manhã de
carnaval de 22 de fevereiro de 1966. Estava entre 0s jornalistas credenciados e
as imagens dos ato religioso foram feitas pelo fotógrafo Wilson Duarte
Marcelino, na casa do jogador.
Em 1966
entrei com uma ação trabalhista contra O Globo. Fui demitido em agosto de 1967,
num momento difícil, já casado e um mês após o nascimento de minha primeira
filha, Denise. Mas, em dezembro do mesmo ano, a convite de Luiz Carlos
Mesquita, do clã dos Mesquitas, donos do jornal, fui contratado como repórter
do Suplemento de Turismo do Estadão.
Pelo Suplemento, conheci um pouco deste mundo velho,
como enviado especial ou a convite. Além dos textos, fazia as fotos. A
circulação do caderno era semanal, como até hoje, mas a edição em preto e
branco, com oito páginas e no tamanho padrão do jornal.
A primeira viagem ao
Exterior, em 10 de outubro de 1969, a
gente nunca esquece. Foi para Nova York, a Big Apple. Na capa do Suplemento,
uma das mais criativas até hoje, sob o título “Um tostão na terra do dólar”, imagens da cidade e uma charge em que eu apareço num selinho, com uma trouxinha de
caipira nas costas. Nas páginas internas,a maioria feitas por mim, mais de 30 imagens de diferentes
pontos da ilha de Manhattan, como o Central Park, e de outros bairros,
acompanhadas por novos selinhos e placas de sinalização e informação como “Dont Walk” e “One Way”.
Outro fato inesquecível para mim e todos os
brasileiros em 1970: a conquista da Copa do Mundo, no México. Eu estava em Nova
York, a trabalho, quando soube que o Brasil havia vencido o English Team por 1
a 0, gol de Jairzinho. O restante da vitoriosa campanha eu vi por aqui, na
primeira transmissão pela TV no Brasil.
Ainda em 1970, a convite da Japan Airlines (JAL), estive
num vôo de apresentação para a imprensa do
747, chamado de Jumbo Jet pelo seu tamanho gigantesco. Acabava de ser adquirido
e foi um marco da aviação mundial na época. A versão tinha capacidade para mais de 400
pessoas. Fizemos um vôo de treinamento nos céus da cidade de Sacramento, na
Califórnia, na costa oeste dos EUA. Antes da decolagem, todos os jornalistas
assinaram um termo de responsabilidade. Mas o treinamento não teve qualquer
problema, todas as manobras de pouso seguidas de arremetidas foram seguras. Só um pouco de frio na barriga e dores no pescoço por causa das curvas para a esquerda e para a direita que a aeronave fazia..
Voltaria a me encontrar, desta vez de forma mais confortável, com o espaçoso Jumbo
da Japan Airlines, também em 1970, integrando um grupo de jornalistas, dos
principais órgãos de comunicação do País, especializados em turismo. A empresa aérea e a Associação do
Turismo Japonês, com escritório em São Paulo, levaram os jornalistas para
visitar a Expo’70, na cidade de Osaka. Além de promover, como destinos turísticos, outros centros importantes, como a capital, Tóquio, Kyoto ( ex-capital
imperial), Nikko, Nara e Hakone, incluídas no roteiro da viagem. O primeiro
modelo do Trem Bala, o Shinkansen, já corria pelos trilhos da fantástica rede
ferroviária japonesa.
A Expo’70,
cujo tema foi “Progresso e Harmonia para a Humanidade”, mostrou, de março a
outubro, em pavilhões de 76 países, os avanços que o Japão e o resto Mundo já
produziam em todos os campos. E antecipou um pouco do que a ciência e a
tecnologia proporcionariam para a humanidade no futuro e que hoje estamos
vivenciando, inclusive no Brasil, que esteve representado.
Não poderia esquecer neste post que, a partir de 1968
o Estadão começou a ser censurado pelo regime militar. No período de 1970 a 1974, tinha a presença permanente de oficiais na
sua redação e também na do Jornal da Tarde. À época, os leitores se habituaram
a ver os textos censurados serem substituídos por versos de “Os Lusíadas”, de
Camões e por receitas de bolos e doces, nas páginas dos dois veículos. Quando o
Estadão comemorava seu centenário de fundação, em 4 de janeiro de 1975, a
censura foi suspensa.
Mas, antes houve um atentado a bomba, jogada contra
o hall de entrada do prédio. Foi de madrugada, a redação estava vazia e a edição
do dia seguinte sendo impressa pelas máquinas instaladas na parte de trás do
térreo, com vista para as Ruas Martins Fontes e da C0nsolação . Só o funcionário, seu Mário, sentado junto à sua mesa, teve
ferimentos provocados pelos estilhaços dos vidros das grandes janelas do hall.
A partir de 1973, mudanças na direção do Suplemento
e fui para a reportagem Geral e, em seguida, para a editoria de Esportes. O
Estadão se transferiu para o atual prédio na Av. Caetano Alvares, bairro do Limão, em 12 de junho de 1976. A
empresa passava por uma grave crise financeira, resultado dos empréstimos bancários
para a construção da nova sede. E, como sempre acontece nestas situações,
sobrou principalmente para a redação.
E assim, com mais 10 anos na bagagem, em 7 de junho
de 1977, sem justa causa, deixei o Estadão. A família estava aumentada com a
chegada da segunda filha, Patrícia, em 1971, mas a situação financeira era bem menos preocupante
do que em 1967. Menos de duas semanas depois, fui contratado como repórter da
Folha da Tarde, da Empresa Folha da Manhã.
E aí iniciei uma nova experiência ma minha atividade
jornalística, pois desde o dia 18 de fevereiro estava integrando a Assessoria
de Imprensa do prefeito Olavo Setubal, a convite do jornalista Lázaro Elias
Severino, seu Secretário de Imprensa. Comecei então a conviver com os dois lados do balcão.
Histórias deste longo período serão contadas a
partir do próximo post. Aguardem e me acompanhem.
#jumbojet #expo'70 #censura #regimemilitar
Oi amor. Ô vida agitada e intensa. Bj.
ResponderExcluirAinda bem que tinha pique suficiente para todoo agito. E AINDA tenho.
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