Banco, Folha de S. Paulo e O Globo
A meta fora traçada em
Uberaba bem antes do baile de formatura: ir para São Paulo e iniciar minha
carreira de jornalista na imprensa local. Já havia a rivalidade entre o Estado
de S. Paulo, da família Mesquita, e a Folha de S.Paulo, da Empresa Folha da
Manhã, que tinha outros dois títulos: Folha da Tarde e Folha da Noite. Até
1962, a empresa era comandada por Caio
de Alcântara Machado e depois pelos empresários Carlos Caldeira Filho e Octavio
Frias de Oliveira, este proprietário de granja e da rodoviária na Praça Júlio
Prestes. A família Frias, por meio de seus herdeiros, continua á frente do
Grupo Folha até hoje.
No campo esportivo, domínio
absoluto de A Gazeta Esportiva, de
Carlos Joel Nelli, criador da São Silvestre. Na redação, entre outros, a
presença marcante de Thomaz Mazzoni, o Olimpicus, uma espécie de “papa” da
crônica esportiva. A tradicional prova , que terminava na entrada do Ano Novo, hoje é disputada durante o dia, vista
pela TV por todo o País e por milhares de pessoas nas ruas do percurso, na
região central da cidade.
O emprego na matriz do Banco Commercio e Indústria (Comind), do
banqueiro Theodoro Quartim Barbosa, na Rua XV de Novembro, hoje sede da BOVESPA, me garantiu o
salário para morar na pensão de Dona Maria dos Prazeres, uma senhora portuguesa
que alugava quartos em sua velha, mas bem conservada casa na rua Canuto do Val, em Santa Cecília.
A localização se mostrou estratégica: perto do prédio da
Folha de S.Paulo, na Rua Barão de Limeira, com sua fachada, interiores, garagem
e oficinas de pastilhas coloridas, onde consegui um emprego em caráter
experimental, como repórter de Geral.
Guardadas as devidas proporções, a São
Paulo de 1961 ainda não tinha tanta violência no seu cotidiano urbano. E o
trânsito, com as últimas linhas de bonde ainda circulando, não era o sufoco de
hoje. Assim, e até para economizar, eu gastava a sola do sapato da pensão até o
banco e, à noite, em trajeto mais curto, entre a Canuto do Val e a redação da Folha.
Havia um problema: as inundações que desde aquela época
traziam o caos e transformavam toda a parte baixa da região do Largo do Arouche,
meu caminho obrigatório, num rio. Quando isso acontecia, de terno e gravata,
guarda-chuva e sapatos nas mãos, eu atravessava com a água nos joelhos para
chegar à pensão, mudar de roupa, jantar e ir para o jornal, de onde só saia
perto da meia-noite.
Meu aprendizado prático de
três anos no modesto Correio Católico, em Uberaba, apesar do abismo tecnológico
com a Folha de S.Paulo, evitou que caísse
em alguns dos trotes que costumavam preparar para jovens e recém-chegados
“focas” como eu.
As coisas transcorriam muito
bem até que em 1º de dezembro explodiu uma greve dos jornalistas, por melhores
salários. Apesar de vitoriosa, houve demissões, incluindo quem não tinha vínculo
empregatício na empresa e cujo pagamento era feito por meio de vale.Terminou
ali minha primeira passagem pela Folha.
Meu relacionamento com
companheiros de outros jornais me levou para a sucursal paulista de O Globo, na
Rua 24 de Maio. Foi meu primeiro contrato de carteira assinada em um grande
jornal. Deixei meu emprego no Banco, em 1963, para trabalhar “full-time”,
ou seja, 10 horas por dia no jornal da família Marinho. Começava uma nova etapa
da minha atividade jornalística em São Paulo.
Meu primeiro trabalho como
assessor de imprensa foi na Administração Olavo Setubal... mas isso fica para o
próximo post...
#folhadespaulo#jornalismo#correiocatolico"uberaba
#folhadespaulo#jornalismo#correiocatolico"uberaba
OI amor.Estou vendo você de sapatos nas mãos e água até o joelho, e com a cara mais emburrada possível. É de tudo um pouco tem tudo a ver. Bj.
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