quinta-feira, 16 de março de 2017

Banco, Folha de S. Paulo e O Globo

A meta fora traçada em Uberaba bem antes do baile de formatura: ir para São Paulo e iniciar minha carreira de jornalista na imprensa local. Já havia a rivalidade entre o Estado de S. Paulo, da família Mesquita, e a Folha de S.Paulo, da Empresa Folha da Manhã, que tinha outros dois títulos: Folha da Tarde e Folha da Noite. Até 1962, a empresa era comandada  por Caio de Alcântara Machado e depois pelos empresários Carlos Caldeira Filho e Octavio Frias de Oliveira, este proprietário de granja e da rodoviária na Praça Júlio Prestes. A família Frias, por meio de seus herdeiros, continua á frente do Grupo Folha até hoje.

No campo esportivo, domínio absoluto de  A Gazeta Esportiva, de Carlos Joel Nelli, criador da São Silvestre. Na redação, entre outros, a presença marcante de Thomaz Mazzoni, o Olimpicus, uma espécie de “papa” da crônica esportiva. A tradicional prova , que terminava na entrada do Ano Novo, hoje é disputada durante o dia, vista pela TV por todo o País e por milhares de pessoas nas ruas do percurso, na região central da cidade.

O emprego  na matriz do Banco Commercio e Indústria (Comind), do banqueiro Theodoro Quartim Barbosa, na Rua XV de Novembro, hoje sede da BOVESPA, me garantiu o salário para morar na pensão de Dona Maria dos Prazeres, uma senhora portuguesa que alugava quartos em sua velha, mas bem conservada casa na rua Canuto do Val,  em Santa Cecília.

A localização se mostrou estratégica: perto do prédio da Folha de S.Paulo, na Rua Barão de Limeira, com sua fachada, interiores, garagem e oficinas de pastilhas coloridas, onde consegui um emprego em caráter experimental, como repórter de Geral. 

Guardadas as devidas proporções, a São Paulo de 1961 ainda não tinha tanta violência no seu cotidiano urbano. E o trânsito, com as últimas linhas de bonde ainda circulando, não era o sufoco de hoje. Assim, e até para economizar, eu gastava a sola do sapato da pensão até o banco e, à noite, em trajeto mais curto, entre a Canuto do Val e a redação da Folha.


Havia um problema: as inundações que desde aquela época traziam o caos e transformavam toda a parte baixa da região do Largo do Arouche, meu caminho obrigatório, num rio. Quando isso acontecia, de terno e gravata, guarda-chuva e sapatos nas mãos, eu atravessava com a água nos joelhos para chegar à pensão, mudar de roupa, jantar e ir para o jornal, de onde só saia perto da meia-noite.  

Meu aprendizado prático de três anos no modesto Correio Católico, em Uberaba, apesar do abismo tecnológico com a Folha de S.Paulo, evitou que  caísse em alguns dos trotes que costumavam preparar para jovens e recém-chegados “focas” como eu.

As coisas transcorriam muito bem até que em 1º de dezembro explodiu uma greve dos jornalistas, por melhores salários. Apesar de vitoriosa, houve demissões, incluindo quem não tinha vínculo empregatício na empresa e cujo pagamento era feito por meio de vale.Terminou ali minha primeira passagem pela Folha.

Meu relacionamento com companheiros de outros jornais me levou para a sucursal paulista de O Globo, na Rua 24 de Maio. Foi meu primeiro contrato de carteira assinada em um grande jornal. Deixei meu emprego no Banco, em 1963, para trabalhar  “full-time”, ou seja, 10 horas por dia no jornal da família Marinho. Começava uma nova etapa da minha atividade jornalística em São Paulo.


Meu primeiro trabalho como assessor de imprensa foi na Administração Olavo Setubal... mas isso fica para o próximo post...   

#folhadespaulo#jornalismo#correiocatolico"uberaba

Um comentário:

  1. OI amor.Estou vendo você de sapatos nas mãos e água até o joelho, e com a cara mais emburrada possível. É de tudo um pouco tem tudo a ver. Bj.






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