Foto : Com Olimp Internacional |
Reconhecido oficialmente como suvenir pelo Comitê Olímpico Internacional ( COI), nos Jogos de Inverno de Calgary, no Canadá, em 1988, o que antes era apenas um hábito de troca, evoluiu, virou uma febre e hoje é um verdadeiro comércio de compra e venda. E que cresce a cada quatro anos, tendo até colecionadores profissionais espalhados por todo o mundo. Eles se deslocam de seus países para a sede dos Jogos e retornam com as lapelas, agasalhos, blusas, bonés e chapéus repletos de pins.
Todos que acompanharam a Rio 2016, por exemplo, se lembram que havia até uma área com estande da patrocinadora oficial, para estimular a troca e venda dos broches, que identificam as modalidades disputadas na competição e as bandeiras dos países representados. Alguns são muito valiosos, como foi o caso do ursinho Misha, mascote da Olimpíada de Moscou, e que chegou a ser vendido por U$ 50.
Mas, o meu primeiro contato oficial com os pins foi em Moscou, na cobertura dos Jogos. Recebi uma certa quantidade do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e de algumas das várias modalidades que eu acompanhava no meu dia-a-dia em São Paulo, como repórter da Folha. Entre outros, possuia broches do iatismo e da natação, dados pelas respectivas Confederações, além do que reproduzia a imagem da bandeira do Brasil.
E foi exatamente por estar com um pin na lapela, reveladora de minha nacionalidade brasileira, além do inseparável e obrigatório cracha de jornalista, que não me perdi na capital soviética. O que seria uma tragédia, pois retornava de um evento num Estádio Lenin abarrotado e precisava chegar o mais rápido possível ao Rosyia Hotel, pegar o transporte até o Centro de Imprensa, e escrever meus textos para serem enviados ao jornal.
A pressa me fez desistir de procurar pelo transporte oficial da imprensa. Optei por caminhar, no meio da multidão, em busca de um táxi, que só podia pegar passageiros a uma certa distância do estádio. Tentativa inútil. Perdi tempo e, então, arrisquei um plano B e rezei para ter sorte. Entrei no primeiro ônibus que passou, letreiro em russo, claro, e me postei de pé no corredor repleto. Sob o olhar curioso dos conterrâneos do "camarada Brejnev" mostrei meu crachá para o que estava mais próximo de mim e disse a palavra mágica, que repetiria, a cada minuto, ao longo de todo o trajeto: Rosyia Hotel.
De nada adiantaria balbuciar algo em meu péssimo inglês e ouvir o troco em russo. Então, com muita mímica e sem deixar de repetir Rosyia Hotel, presentiei o "camarada" com um pin com a imagem da bandeira do Brasil. Ele sorriu e agradeceu com aceno de cabeça.
A retribuição viria uns 20 minutos depois, mas que para mim pareceram uma eternidade: o ônibus havia chegado nas imediações do meu hotel e o bom samaritano soviético não só desembarcou comigo como, após andarmos uns poucos minutos, apontou para o gigantesco prédio, dizendo: Rosyia Hotel.
Nos despedimos
com um abraço de gratidão. E meu eterno " spasiba."
No próximo e último post desta série, uma equipe da TV Globo à deriva em Tallin.
Oi amor. Cada vez a gente sabe de mais coisas interessantes de suas passagens. É amor , você teve uma vida bem intensa. Por isso ainda continua um serelepe. Isso é bom, pois nunca vai enferrujar seu cérebro e seu corpo. Bj.
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ExcluirAinda tenho muuitas histórias para contar. espero que você continue a acompanhar meus posts. Orlando
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ResponderExcluirDeve ter sido angustiante ficar perdido em Moscou, sem saber se comunicar. A sorte foi a gentileza desse desconhecido. Aliás, os russos são atenciosos e solícitos com os turistas, ainda mais nessa olimpíada, com o país cheio de pessoas do mundo inteiro.
ResponderExcluirMuito bom ler o seu texto.
ResponderExcluirParabéns pelo blogue! Só agora estou tendo uma folga, com o (quase) final das obras no prédio. Quando estive em Moscou, há uns 3 ou 4 anos, perguntei à guia pelo hotel Rosyia. Ela disse que ele foi derrubado e um novo prédio tomou seu lugar, não sei se para outro hotel ou finalidade diversa. Assim é a vida, até nós somos substituídos por outras gerações, né ? Bons tempos aqueles em que um pin esportivo podia salvar um estrangeiro de um aperto na metrópole imensa que era (e é) Moscou. Você teve presença de espírito. Gostaria de voltar a Moscou em 2018, pela Copa do Mundo. Vou acompanhar e comentar seus próximos textos. Abraço.
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