Arte,
natureza e a maior flor do mundo fazem do Inhotim uma das maravilhas de Minas
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Flor -cadáver - foto divulgação |
Não se impressione com o nome científico e muito menos de
como a maior flor do mundo é conhecida popularmente. Mas, é assim mesmo: Amorphophallus titanum. Esta espécie rara
floresceu uma única vez, em 15 dezembro de 2010, no Instituto Inhotim. É o
único lugar, na América Latina, em que foi possível ser admirada, na Estufa
Equatorial do seu Viveiro Educador. O exemplar, nativo da Ásia, é apenas uma entre
as sem número de espécies da flora que dá um destaque especial ao magnífico
paisagismo dos jardins, um projeto de Pedro Nehring. E que se completa por cinco
lagos ornamentais, com 3,5 ha de espelho d’água, árvores da Mata Atlântica e
nativas, plantas exóticas trazidas de todos os continentes e 700 obras de arte
de relevância internacional, de respeitados nomes do Brasil e do Exterior.
O parque ocupa um espaço de visitação de 140
hectares, dentro de uma área total de 786 ha É considerado o maior Centro de Arte
Contemporânea e Jardim Botânico da América Latina e já foi visitado por 2,5 milhões de turistas brasileiros e de outros
países desde a sua abertura ao público em 2006, com média mensal de 30 mil até
2016. No ano passado, o número de estrangeiros foi de 321.724, ou 13% do total
de visitantes.
Localizado
na pequena Brumadinho, de 37 mil habitantes e a 60 quilômetros de Belo
Horizonte, o Nhotim, idealizado pelo empresário mineiro Bernardo Paz, 68 anos, desde
a sua inauguração assumiu um forte compromisso com o desenvolvimento da
comunidade na qual está inserido. Participa ativamente da formulação de
políticas para a melhoria da qualidade de vida na região, em parceria com o
poder público ou com o setor privado, e em atuações independentes.
A
estrutura e a organização garantem um lugar singular. Além de romper com a
arquitetura e o modo de exposição e visitação associados aos museus
convencionais, o Instituto oferece a todos a oportunidade da fruição,
aproximando as obras de arte ao meio ambiente. O Instituto é uma entidade
privada, sem fins lucrativos, reconhecida como uma Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público (Oscip) desde 2008. As ações do Inhotim são
amparadas pela Lei Federal de Incentivo à Cultura por meio do Ministério da
Cultura. O atual presidente do Conselho de Administração é Bernardo Paz de
Mello.
Acervo sempre em renovação
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Plantas de todos continentes- foto: divulgação |
A
rica coleção do Instituto reúne pinturas, esculturas, desenhos, fotografias,
vídeos e instalações de mais de 250 respeitados artistas brasileiros e
estrangeiros, de 30 países. Do acervo, com cerca de 1.300 obras, 700 ficam em
exposição atualmente. Desde os anos 1960 até hoje, estão instaladas ao ar livre
no Jardim Botânico ou exibidos em 23 galerias.
Entre
as galerias, quatro são dedicadas a exposições temporárias: Lago, Fonte, Praça
e Mata. Com cerca de 1.000 m² cada, tem grandes vãos que permitem
aproveitamento versátil dos espaços para apresentação de obras de vídeo,
instalação, pintura ou escultura. Anualmente, são inauguradas novas mostras
nesses espaços para apresentar aquisições do Instituto e criar reinterpretações
da coleção. Além disso, projetos individuais de artistas são abertos
frequentemente, o que torna o Inhotim um lugar em constante renovação.
As 19
galerias permanentes expoem trabalhos de Tunga, Cildo Meireles, Miguel Rio
Branco, Hélio Oiticica & Neville d’Almeida, Adriana Varejão, Doris Salcedo,
Victor Grippo, Matthew Barney, Rivane Neuenschwander, Valeska Soares, Doug
Aitken, Marilá Dardot, Lygia Pape, Carlos Garaicoa, Carroll Dunham, Cristina
Iglesias, William Kentridge e Claudia Andujar.
Mas há novidades. Desde maio mais duas obras
estão expostas no Inhotim. São esculturas
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Embrionário de Elisa Bracher- foto: divulgação |
de grande escala de Elisa Bracher:
Embrionário (2003), 13 toneladas de troncos de madeira se
apoiam e se empurram; e Equilíbrio Amarrado (2004), blocos de
mármore criam uma relação de tensão entre instabilidade e sustentação em uma
instalação de seis metros de altura.
Além disso, Pedro Nehring criou nos últimos cinco
meses um novo paisagismo obedecendo à estética misteriosa dos jardins do
Parque, que faz com que os encontros com as obras externas e esculturas sejam
sempre um convite à descoberta. Ao redor das esculturas, árvores e palmeiras do
acervo botânico do Inhotim direcionam os caminhos do visitante de forma
harmoniosa. De acordo com o paisagista, as espécies implantadas no local são,
em sua maioria, nativas, e foram pensadas de forma a manter o lugar sempre
florido, independentemente da época do ano.
A inauguração destas novas obras externas
complementa a programação estratégica da
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Celacanto de Adriana Varejão-foto: Eduardo Eckenfels |
Diretoria Artística do Inhotim para os
próximos anos. Ao longo deste período, serão instaladas permanentemente no
Inhotim uma escultura do artista americano Robert Irwin e duas obras da
japonesa Yayoi Kusama. Novas exposições temporárias também estão programadas
paras as Galerias Fonte, Lago, Mata e Praça, reforçando a proposta de
disponibilizar aos visitantes do Instituto obras de arte do acervo ainda
desconhecidas de grande parte do público, além de apresentar artistas de
diferentes regiões do mundo, de diversas gerações e escolas, ampliando as
possibilidades de leitura das obras de arte do Inhotim.
É importante ressaltar que as obras expostas ao
ar livre não sofrem nenhum tipo de dano, apesar de sujeitas a impurezas (pó,
substâncias orgânicas de pássaros e outros animais) e às ações de sol
e chuva. Uma equipe técnica capacitada vistoria diariamente as obras e
realiza as manutenções necessárias
Jardim Botânico
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Helio Oiticica - Magic Square - foto: Rossana Magri |
O
Instituto Inhotim não só se preocupa com o meio ambiente, como está inserido em
uma relevante porção florestal remanescente de Mata Atlântica e Cerrado. Dos
140 hectares da área composta de florestas, 42 são de jardins. Acrescente-se a
essa porção uma área de 254 ha protegida na forma de Reserva Particular de
Patrimônio Natural (RPPN) que, desde maio de 2010, colabora de forma vitalícia
para a conservação da biodiversidade conectando o Inhotim ao sul da Cadeia do
Espinhaço, um dos mais importantes centros de diversidade e plantas do mundo.
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Beam Drop - foto Eduardo Eckwnfels |
Foi em
meados da década de 1980, que começaram as obras paisagísticas dos jardins que
mais tarde viriam formar o parque. Ao longo do tempo Bernardo Paz adquiriu
diversas espécies de palmeiras e árvores nativas brasileiras e exóticas de
várias regiões do mundo, que se adaptaram muito bem ao local. Os jardins
valorizaram a exuberância da flora integrando-a de forma espontânea e harmônica
com as paisagens e lagos por meio de caminhos, escadas e pátios construídos a
partir de formações rochosas de quartzito natural – inovações que se
popularizaram no paisagismo brasileiro.
Em
2010, a expressiva coleção do Instituto levou ao reconhecimento deste como
Jardim Botânico. São aproximadamente cinco mil espécies, e duas famílias se
destacam: a de palmeiras, com cerca de mil espécies e variedades, e a dos
imbés, antúrios e copo-de-leite, com mais de 400 espécies e formas –
consideradas uma das maiores do mundo. Este amplo acervo botânico, combinado
com a extensa estrutura do Viveiro Educador, permite a realização de pesquisas
e atividades educativas que colaboram para a conservação da flora.
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Jd Veredas - foto: Rossana Magri |
Nos
últimos anos, as equipes de curadoria botânica e de paisagismo do Inhotim
trabalham com a composição de jardins temáticos para exposição de parte da
relevante coleção botânica do parque. Esses espaços se consolidam como
importante ferramenta de educação, propondo reflexões sobre diversos temas,
como a preservação da biodiversidade, a utilização de recursos naturais e o
cuidado com o meio ambiente. Atualmente, são sete: Vandário, Jardim de Todos os
Sentidos, Jardim Desértico, Jardim Veredas, Jardim de Transição, Jardim
Pictórico e Largo das Orquídeas.
Ações Educativas e sociais
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Memorizando a biodiversidade- foto: divulgação |
Desde
sua abertura ao público, o Inhotim desenvolve projetos voltados exclusivamente
para estudantes de Brumadinho e região, valorizando a conexão entre município e Instituto. Cerca de 2.500
alunos das redes particular e pública de ensino de Brumadinho e da Grande Belo
Horizonte visitam o Inhotim todo mês. Os programas educativos focam a arte,
meio ambiente e música. São propostas que afirmam e fortalecem um espaço de
experimentação no âmbito das ações educativas em instituições culturais e no
campo da educação não-formal.
Além
de parcerias com escolas, prefeituras e secretarias municipais e estaduais de
educação, também são feitas, gratuitamente, visitas mediadas educativas para o
público em geral. Ideais para aproximar o visitante daquilo que o parque
oferece em arte contemporânea, botânica e meio ambiente, acontecem em horários
e locais preestabelecidos:
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Centro Educativo Burle Marx-foto Marcelo Coelho |
A
visita panorâmica proporciona uma visão geral sobre a dinâmica do Inhotim e os
participantes e mediadores conversam sobre questões relacionadas às obras e ao
projeto paisagístico do Instituto. Tem duração de 1h, acontece todos os dias de
visitação, às 11 e às 14 horas.
A visita temática possibilita um encontro
entre o educador e o visitante para discussão sobre obras e plantas do acervo, com
um recorte temático bimestral como ponto de partida. A duração é de 1h30,
acontece às quartas-feiras, sábados, domingos e feriados, às 10h30.
De Sir Timothy para Inhotim
O
Centro Inhotim de Memória e
Patrimônio,
um dos projetos que o Inhotim desenvolve
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Cildo Meireles - foto Daniela Paoliello |
com a
comunidade de seu entorno, criado em
2008 para resgatar as histórias e tradições da região, tem algumas teorias
sobre a origem do nome do Instituto.
Uma
delas se refere ao nome do minerador inglês, Sir Timothy, que viveu na área
ocupada hoje pelo Instituto. O pronome Sir, traduzido para o português como
Senhor, era muitas vezes falado como Nho. Desta forma, Sir Timothy passou a ser
Nho Tim.
”.
Outra
história, aparece em uma notificação de 26 de maio de 1865 e registra a
existência de um lugar chamado Nhotim, onde morava João Rodrigues Ribeiro,
filho de Joaquim Rodrigues Ribeiro. Em um dos recibos anexos a esse documento
há uma assinatura na qual a localização é grafada como Nhoquim.
”
O
nome Joaquim também é citado por Dona Elza, moradora de Brumadinho. e envolve o
mesmo minerador inglês, De acordo com seu depoimento, ela se lembra de ter
ouvido falar de um proprietário que se chamava Joaquim e o apelido era Tim.
Então o Sr. Tim virou Nhô Tim. Antigamente não se falava senhor, era nhô. Por
isso ficou com esse nome de Inhotim”, conta.
Mas
há ainda o relato da viagem do engenheiro inglês James Wells pelo Brasil, entre
os anos de 1868 e 1886. Ele relembra uma
conversa com um trabalhador negro, em uma estrada perto de Brumadinho. No linguajar
local, a palavra Inhotim seria uma corruptela da expressão usada pelos escravos
para dizer sim senhor: Nhor sim. O fato de haver seis comunidades quilombolas
no município de Brumadinho, quatro delas reconhecidas pela Fundação Palmares,
reforça a hipótese.
Flor é linda e grande, mas cheira mal
Claro que a flor-cadáver
justifica um registro à parte quando se fala no Inhotim. Afinal, foi
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Flor-cadaver - foto: divulgação |
no dia 15
de dezembro de 2010, uma sexta-feira, que o site do Instituto descreveu o
processo de florescimento, em uma estufa especial, da planta que é a maior do mundo, com 3 metros
de altura por 7 de diâmetro e pesando 75 kg.
Para se ter uma ideia da
importância do fato, o site informava que, em julho do mesmo ano, milhares de pessoas fizeram fila no Japão
para ver a flor gigante, que desabrochava pela primeira vez em 20 anos. E
destacava que “a partir de agora, os visitantes do instituto mineiro também
podem conhecer a espécie exótica, natural da ilha de Sumatra, na Indonésia,
além das obras de arte expostas a céu aberto em Inhotim”.
Detalhe: na época, para ver
o espetáculo inusitado, foi preciso pagar o serviço de transporte interno
(carrinho) por R$ 10 e criou-se um percurso especial para levar o público até o
viveiro, pois era proibido fazer o trajeto a pé.
Conforme o divulgado na ocasião, “as sementes foram enviadas pelo jardim
botânico Marie Selby, na Flórida, ao curador botânico de Inhotim, Eduardo
Gonçalves, há cerca de 10 anos, e floresceram dentro de uma estufa inaugurada
para a manutenção do material de pesquisa. A túbera, nome dado à imensa
′batata` que permanece sob a terra, pesava 13 kg quando a planta entrou em
dormência, há cerca de três meses. De acordo com o Instituto, apenas após
completar entre 18 e 20 kg, o material está propenso a florir.”
A mesma fonte explicou que esta
espécie de planta nunca dá flores e
folhas ao mesmo tempo. “Produz um conjunto de flores, em uma estrutura compacta
que pode ter mais de 3 metros de altura. No momento em que se abre, a flor exala
um odor parecido com `uma mistura de
açúcar-queimado com peixe-podre`, capaz de atrair moscas e besouros”. Por causa desta pecularidade é que à planta é
conhecida popularmente pelo nome de `flor-cadáver`. O científico é mais
simpático, mas também estranho: Amorphophallus
titanum.
A planta floresce uma vez
por década e chega a viver por 40 anos. É no seu desabrochar, que se estende
por três dias, que a flor alcança o seu tamanho máximo, A espécie nasce
nas florestas tropicais da Ilha de Sumatra e foi descrita originalmente em
1878, pelo botânico Odoardo Beccari, do Jardim Botânico de Florença, que a
encontrou naquela região da Indonésia. Após um período de 10 anos, a espécie
floresceu no Jardim Botânico de Kew, na Inglaterra, surpreendendo o Ocidente com sua “inflorescência peculiar”.
Atenção: Além do primeiro florescimento, comprovado,
em 2010, teria havido outro no dia 27 de dezembro de 2012. Mas, não houve
confirmação do Instituto sobre este fato. A assessoria de imprensa do Inhotim
informou, apenas, que não há previsão de
quando os turistas verão de novo a flor-cadáver dar o ar de sua graça. Não
fique frustrado. Por tudo que exibe, vale a pena uma visita a este fantástico
parque, museu e jardim botânico, aproveitando o próximo feriado prolongado de
12 outubro.
Gastronomia
No
parque há várias opções de alimentação, desde lanches rápidos a pratos
elaborados. O restaurante Tamboril tem um ambiente integrado aos jardins e ao acervo de arte do
Instituto. O cardápio é formado por bufê de saladas e pratos quentes a preço
fixo, extensa carta de vinhos e uma mesa de sobremesas diversas. Se
preferir, o Bar do Ganso é uma extensão
do Tamboril. Uma verdadeira galeria de arte com peças assinadas por renomados
designers brasileiros, iluminação especial e ambientação que remete aos anos
1950 e 1970.
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Largo das orquídeas - foto Laura Las Casas |
Mais
amplo, o restaurante Oiticica fica próximo à obra Penetrável Magic Square # 5,
De Luxe e oferece refeições self-service a quilo. O menu inclui saladas e
opções de caçarolas quentes.
O
Café das Flores, na recepção, é ideal para iniciar ou encerrar a visita com um
pão de queijo feito pela chef Dailde e servido sozinho ou com pernil. Há ainda
opções de lanche e almoço, além das cervejas Wals produzidas em homenagem ao
Inhotim.
No
Centro de Educação e Cultura Burle Marx, o Café do Teatro tem bebidas quentes e geladas, sanduíches,
salgados e doces. Abre às quartas-feiras, sábados, domingos e feriados.
O visitante
ainda conferir encontra outros espaços gastronômicos no parque, que servem
desde pizza a sanduíches naturais, salgados, pão de queijo, suco, refrigerante,
etc. O funcionamento varia de acordo com o período do ano.
Serviço
O horário
de visitação é de terça a sexta-feira, das 9h30 às 16h30. Aos sábados, domingos
e feriados, das 9h30 às 17h30.
O
Inhotim fica no município de Brumadinho, a 60 km de Belo Horizonte (cerca de 1h15
de viagem). Acesso pelo km 500 da BR-381 – sentido BH/SP.
Pode-se
chegar também pela BR-040 (cerca de 1h30). Acesso pela BR-040 - sentido BH/Rio,
na altura da entrada para o Retiro do Chalé.
Opções
de transporte regular
Vans – a Belvitur,
operadora oficial de turismo e eventos do Inhotim, oferece transporte de vans
aos sábados, domingos e feriados, partindo do Hotel Holiday Inn Savassi (Rua
Professor Moraes, 600). O horário de saída é às 8h15 e retorno, às 17h30. O
transporte até o Parque custa 66 reais (ida e volta) ou 35 reais por trecho. O
pagamento é feito com o motorista em dinheiro ou no cartão. O serviço pode ser
reservado de terça a sexta-feira, com lotação mínima de quatro pessoas.
Contatos: 31 3290-9180; flavia.melo@belvitur.com.br
Ônibus Saritur –
saída da Rodoviária de Belo Horizonte de terça a domingo, às 8h15 e retorno às
16h30 durante a semana e 17h30 nos fins de semana e feriados.
Lojas: As lojas na entrada do
Instituto oferecem itens de decoração, utilitários, livros, brinquedos, peças
de cerâmica, vasos, plantas e produtos da culinária típica regional, além da
recém-lançada linha institucional do Parque.
Ingressos
R$ 40
(meia-entrada válida para estudantes identificados, maiores de 60 anos e
parceiros). Crianças de até cinco anos não pagam.
Às
quartas-feiras, a entrada é gratuita.
Informações www.inhotim.org.br
31 3194 7300 | 31 3571
9700
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