terça-feira, 5 de dezembro de 2017

“Mudou o Natal ou Mudei Eu?”
  Não, nós é que mudamos.


Recorro a uma passagem do clássico “Soneto de Natal”, do grande Machado de Assis, e volto à minha infância e boa parte da juventude na mineira Uberaba. Ali, passei muitos dos meus melhores Natais, ao lado dos saudosos  pais, hoje na Glória do Senhor,  e dos quatro irmãos, antes de me mudar para São Paulo, na década  de 60. São todos inesquecíveis.

Respeito a opinião de todos os que discordarem, mas, para mim, o Natal continua e sempre será o mesmo. Um momento mágico, a grande festa da família. Nós é que fomos mudando, ano após ano,  por um sem número de motivos e/ ou circunstâncias  que surgem ao longo da vida pessoal e profissional de cada um. 

Lembro que,  na época, não havia em nossa  casa a árvore de Natal. E, para uma família católica como a nossa, ir à missa do Galo era uma obrigação. Começava às 23 h e terminava à meia-noite. Os presentes, o Papai Noel colocava debaixo da cama de cada um. Ninguém nunca via, estávamos todos dormindo.

Dormíamos ansiosos e explodíamos de alegria na manhã do dia 25 ao ver os presentes. Papai Noel, apesar das dificuldades, não esquecia de ninguém. E saímos para a frente de casa para brincar e exibi-los às outras crianças  que moravam  na mesma rua.

O tempo passou e fui o primeiro a sair de casa, já formado em jornalismo, direto para São Paulo. E aos poucos, meus pais e irmãos se fixaram em Belo Horizonte. Mas eu trocava cartas com os meus pais e ficava sabendo das novidades da vida da cada um. O Dia das Mães e dos Pais e os aniversários deles eram a oportunidade para visita-los e matar a saudade.

Mas, no Natal é que todos nos reuníamos: pais, filhos, cunhados, genros, noras, sobrinhos, netos, bisnetos  e, a cada ano novos agregados, namorados e/ou noivos que foram se integrando à família para a tradicional ceia e os brindes que antecedem a distribuição dos presentes e os abraços fraternos por meio do amigo secreto ou oculto.  

Bons tempos.  
No ciclo da vida, inevitável, 
muitos já desembarcaram do trem
e outros embarcaram. Mas,  para a nossa família, o Natal não mudou  Claro, já não temos a presença de nosso pai e mãe,  e de outros entes queridos. Gradativamente o número de participantes diminuiu. Também por uma série de fatores e interesses, como separações, mudanças para outros países e de imprevistos.  A cada ano o álbum de fotos se modifica.  

Este ano, estaremos reunidos, sempre em BH, para a ceia e a confraternização em família. Não seremos muitos. Mas, sob as bênçãos do Menino Jesus, vivenciaremos o espírito de Natal. Que não mudou, apesar de que nós, talvez, não sejamos mais os mesmos

Um Feliz Natal em Cristo e um Ano Novo pleno de saúde e realizações para todos.


   

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