Peirópolis: de vilarejo à terra dos dinossauros
Imagine que você está
diante de um mundo que existiu há pelo
menos 80 milhões de anos. Ou até bem mais do que isso. Sim, em plena pré-história, habitada
pelos dinossauros.
Esta é a sensação de
quem visita o mais importante museu paleontológico do Brasil, instalado em
Peirópolis, distrito rural do município de Uberaba, no Triângulo Mineiro.
No início do século
XX, Peirópolis era apenas um lugarejo, distante 20
quilômetros de Uberaba ( minha terra
natal), às margens da BR- 262. Mas já se
destacava por ser uma região rica em calcário e cuja extração se fazia por meio de duas fábricas
fundadas em 1911 pelo imigrante espanhol Frederico
Peiró, que acabou tendo seu nome dado á localidade.
As fábricas
empregavam 150 trabalhadores e toda a produção escoava para São Paulo pelos
trilhos da então estrada de ferro da Companhia Mogiana, que funcionou até 1997.
Acabou desativada , após ter sido encampada por um bom período pela já também
extinta Fepasa.
A história de
Peirópolis tomaria outro rumo a partir da década de 40, com a chegada do
paleontólogo gaúcho Llewellyn Ivor Price, informado de que enormes ossos haviam
sido encontrados durante a extração de
calcário.
O cientista iniciou
seus trabalhos em 1947 e, com uma escavação sistemática, em sete ocasiões, em
um ponto chamado de Caieira, no período
entre 1949 e 1961, recuperou centenas de enormes fósseis de répteis
pré-históricos que habitaram a região entre 65 e 80 milhões de anos atrás.
Principalmente de dinossauros do grupo dos titanossauros, que tinham pescoço e
cauda compridos, corpo de grande volume e cabeça pequena.
Price permaneceu estudando
e escavando toda a região por mais de 20 anos e em 1969 foi sucedido pelo
geólogo Diógenes de Almeida Campos, do Museu de Ciências da Terra,
vinculado ao
Departamento Nacional de Produção Mineral.
Sede do museu - Foto: divulgação |
As descobertas não se
limitaram apenas aos titanossauros encontrados em Peirópolis. Os achados
incluíram restos de moluscos ,tartarugas, peixes, um sapo, um lagarto e crocodilomorfos que faziam parte da
biodiversidade que existia naquela região.
O sítio passou a ser
conhecido como a Terra dos Dinossauros, não só pela quantidade, mas sobretudo
pela qualidade dos fósseis, que têm uma coloração esbranquiçada e estão
preservados com pouca ou nenhuma distorção, diferentemente dos restos
encontrados em outras localidades do Brasil.
Museu e Centro de Pesquisas
Interior do museu - Foto; Divulgação |
Fundamental para
consolidar Peirópolis como um dos mais importantes sítios paleontológicos do
Brasil, com informações valiosas sobre o registro fóssil no período Cretáceo
Superior (de 100 a 65 milhões de anos atrás) , o Centro de Pesquisa tem um
repositório de cerca de 3.000 exemplares fósseis.
Na sala de exposição,
o visitante conhecerá dezenas de réplicas e ilustrações que, juntamente com os
fósseis, revelam detalhes e características de cada animal. Além de uma parede
de vidro que mostra o laboratório onde são feitas as pesquisa e limpeza dos fósseis.
“Crocodilo Terrível de Uberaba”
Do lado de fora do museu, o primeiro impacto é uma gigantesca replica de um dinossauro
herbívoro,
uma obra do artista e escultor Northon de Azevedo Fenerich, instalada em uma atraente área ajardinada. Em 2014,
foram adicionadas 6 novas réplicas no espaço externo, incluindo o do
Uberabasuchus terrificus.
Crocodillo Terrivel - Foto:Divulgação |
Maior atração do museu - Foto: Divulgação |
Só o nome já é
assustador. É não é para menos: trata-se
um esqueleto fossilizado do crocodilomorfo do Cretáceo Superior , encontrado na região no
ano de 2000, pelo técnico em escavações Rodrigo dos Santos Silva. É considerada
a maior descoberta da paleontologia brasileira.
Cerca de 80% de seu esqueleto está
intacto e depois de um estudo minuciosos constatou-se que era uma nova espécie
de crocodilo. E foi batizado de Uberabasuchus terrificus (“Crocodilo Terrível
de Uberaba” em homenagem ao município onde foi encontrado). Está exposto em uma
posição central no museu, ao lado de uma
reprodução em vida do animal. Tem cerca de 2,5 metros de comprimento e pesa 300 quilos.
Em 2004, durante as
obras de duplicação da rodovia BR-050, entre os municípios de Uberaba e Uberlândia, foram descobertos três fósseis
do Uberabatitan ribeiroi, o maior
dinossauro encontrado no Brasil. Os trabalhos foram concluídos em 2006, após a
escavação manual de cerca de 300 toneladas de rochas para a extração do
material.
As mais recentes descobertas,
e que enriqueceram ainda mais o acervo do museu, ocorreram na mesma área, na Serra da
Galga, em 2011, e incluem um fêmur de
1,4 metro do Uberabatitan
Turismo Científico Cultural
Desde 2011, o novo
prédio, construído para ser a sede da Rede Nacional de Pesquisas Científicas em
Paleontologia, do Ministério de Ciência e Tecnologia, e seus equipamentos,
assim como o Museu e o Centro de Pesquisas foram integrados ao Complexo
Científico Cultural de Peirópolis. E ficaram vinculados à Universidade Federal
do Triângulo Mineiro e à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior de Minas Gerais.
O espaço, erguido
próximo da antiga estação da Mogiana, é utilizado para mostras científicas,
atividades de lazer e pedagógicas, sobre paleontologia, para crianças e
estudantes de Uberaba e região, conta com um auditório para palestras, salas
para oficinas e é sede da Associação dos Amigos do Sítio Paleontólógico de Peirópolis.
Em seu interior há também réplicas de um Preguiça Gigante e de um Tinossauro,
encontrados na região.
Réplica do Titanossauro - Foto: Divulgação |
De uns anos para cá,
a principal atividade econômica neste distrito rural de Uberaba é fruto do
“Turismo Paleontológico”. Isso causou um impacto social e ambiental positivo,
contribuindo para uma melhoria na qualidade de vida da comunidade por meio da comercialização de produtos e
serviços turísticos.
Uma iniciativa do
Centro Price e do Museu, lançada em 1993, a Semana dos Dinossauros tornou-se o mais importante e significativo programa
educacional da instituição. Realizado no final de setembro ou início de outubro
tem a duração de 5 dias.
Durante o evento, são
feitas visitas às escavações paleontológicas, disseminação de noções sobre as
técnicas de preparação de fósseis, visitas à exposição de fósseis do museu e
oficinas com trabalhos manuais como esculturas em argila, corte e dobradura em
papel e palestras sobre os fósseis, a importância do turismo, educação
ambiental e atividades desenvolvidas em Peirópolis.
Laboratório - Foto: Divulgação |
Expozebu no roteiro
Uma boa ocasião para você visitar o Museu dos
Dinossauros, em Peirópolis, é no período de 28 de abril a 6 de maio quando acontece em Uberaba a Expozebu, em sua 84ª edição. O
evento ocorre no parque Fernando Costa que deverá receber mais de 100
expositores e um público de 300 mil pessoas durante a sua realização, segundo a expectativa da Associação dos
Criadores de Zebu.
Este ano, a Expozebu vai comemorar os 80 anos do registro genealógico das raças zebuínas, além de tratar sobre a valorização da carne e do leite de Zebu. Como em todos os anos, haverá intensa programação de shows com alguns dos principais nomes da música sertaneja do país.
Este ano, a Expozebu vai comemorar os 80 anos do registro genealógico das raças zebuínas, além de tratar sobre a valorização da carne e do leite de Zebu. Como em todos os anos, haverá intensa programação de shows com alguns dos principais nomes da música sertaneja do país.
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