quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Theatro São Pedro, um século de arte no palco que enfrentou a ditadura

Vista noturna- Foto Sec de Cultura
A sua inauguração em 15 de janeiro de 1917, na rua Barra Funda esquina da rua Albuquerque Lins, região de Santa Cecília foi noticiada pelo jornal O Estado de São Paulo, na linguagem da época, como “‘Mais uma magnífica casa de espetáculos São Paulo conta desde ontem”. Em sua história de um século, o Theatro São Pedro aprendeu a conviver com desafios de toda sorte, que incluíram problemas de censura pela ditadura, nas décadas de 60 e 70, até a redução, neste ano, das verbas  repassadas pela Secretaria Estadual da Cultura, pelo corte no orçamento da pasta feito pelo Governo do Estado.

Talvez as dificuldades financeiras tenham feito com que os 100 anos do teatro, em janeiro, passassem sem uma comemoração especial que a data merecia. Mas, para que o ano do centenário não ficasse sem uma homenagem, foi levada ao seu palco uma programação durante o mês de abril que teve concertos da Orhesp na abertura (01) e no encerramento oficial (09) do 15º Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas, com obras de Carlos Gomes, Giuseppe Verdi, Giacomo Puccini, Pietro Mascagni, Charles Gounod, Antonín Dvorák e Francesco Cilea, com regência de Luiz Fernando Malheiro e apresentação dos solistas vencedores. Houve, ainda, nos dias 19, 23 e 28, com a Academia de Ópera Theatro São Pedro, a encenação da Ópera Noce di Benevento, de Giuseppe Balducci, e nos dias 21, 26 e 30 da Ópera Gianni Schicchi, de Giacomo Puccini.

Após a Organização Social Santa Marcelina Cultura assumir a gestão, em maio, foi possível divulgar o calendário e dar andamento à temporada lírica de 2017. A próxima atração, nos dias 1,2 e 3, é a encenação da “Flauta Mágica (Pocket Ópera), de Mozart, com a Orquestra de Bolsistas do Theatro São Pedro, sob a regência de Juliano Dutra.

Voltando ao passado, segundo os registros do “Estadão”, a abertura oficial
Teatro na época da inauguração
para a imprensa e convidados daquele que é o segundo teatro mais antigo de São Paulo foi marcada por alguns imprevistos. Como o mobiliário, encomendado nos Estados Unidos, incluindo as cadeiras da plateia, não chegou a tempo, foram usados móveis comprados à última hora. Entretanto, os desafios não terminariam por aí. O funcionamento do teatro e cinema, para o público, seria no dia 16. Mas, o jornal registrou, no dia 17, que o teatro não havia conseguido o alvará e que, portanto, a abertura fora adiada. Finalmente, no dia 20 de janeiro de 1917, o São Pedro recebeu os ansiosos expectadores com a exibição dos filmes A Moreninha e O Escravo de Lucifer.

“Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto e música de Chico Buarque;”Marta Saré”, de Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo, com Fernanda Montenegro e Beatriz Segal, e “Queda da Bastilha”, com Celso Frateschi e Denise Del Vecchio foram três das peças de maior conotação política apresentadas no palco do Theatro São Pedro, em plena ditadura militar. E no seu palco se abrigavam grupos teatrais como o Papyrus, transformando o local num foco de resistência. Os atores Celso Frateschi e Denise Del Vecchio, por exemplo, chegaram a ser presos em cena. A atriz Beatriz Segall ouviu a leitura do AI-5 no palco durante as encenações de Marta Saré.

O São Pedro foi inaugurado em uma época de florescimento cultural. Com uma história rica e surpreendente, é um dos poucos remanescentes de uma geração de teatros de ópera criados na virada do século XIX para o XX e que movimentavam a vida artística de São Paulo e de outros importantes centros urbanos do Brasil e da América do Sul. São da mesma época, por exemplo, o Teatro Amazonas de Manaus, o Teatro da Paz de Belém, o Colón de Buenos Aires e o Solis de Montevidéu. Na capital paulista, também proliferavam casas de espetáculos em diferentes regiões, com programação de teatro, cinema e música. Entre estes teatros estavam o Minerva, em Santana, o Paulistano, na Rua Boa Vista, o Politheana, na Av. São João, e o Colombo, no Brás.

Desde a sua abertura, o público que frequentava o São Pedro era bem diversificado. Havia representantes da alta sociedade em apresentações de gala. Mas, a grande maioria era de jovens do bairro da Barra Funda, atraídos pelos ingressos promocionais e as sessões de cinema. Teatros semelhantes a ele não resistiram às transformações pelas quais passou a cidade. Com a exceção do Theatro Municipal, na Praça Ramos de Azevedo, de 1911.

Uma longa história de abre e fecha

Programa de La Cenerentola
A história do Theatro São Pedro foi marcada por uma série de fechamentos e reinaugurações. Era uma época em que esse tipo de equipamento estava entre as principais opções culturais dos centros urbanos mais desenvolvidos, oferecendo apresentações não só teatrais, mas também musicais e de cinema. A casa conseguiu se adaptar aos tempos e protagonizou capítulos significativos da vida artística paulistana. 

O teatro, que se mantém no mesmo endereço, foi construído em estilo eclético, predominantemente neoclássico com detalhes em art nouveau, por iniciativa do imigrante e empreendedor português Manoel Fernandes Lopes. O engenheiro responsável pela obra foi o construtor Antônio Villares da Silva, que seguiu as linhas do projeto elaborado pelo arquiteto italiano Augusto Bernadelli Marchesini, que residia na cidade. O São Pedro, de palco italiano, com planta em forma de ferradura (além de platéia, frisas, balcões e camarotes) era recorrente nos teatros planejados para funcionar com programação mista, pois seu desenho permitia a instalação de telas de projeção. Foi concebido para ser um espaço dedicado a operetas, teatro e show de variedades, além de projeções de cinema. Serviu de alternava para apresentação de companhias nacionais e estrangeiras, com concertos eruditos e mostras de crianças prodígios.

A trajetória do São Pedro até os anos 40 não foi diferente de outros teatros de bairro. Incorporado ao circuito exibidor das Empresas Reunidas, da Cia Cinematográfica Brasileira e da Metro Goldwin Mayer, passou por uma reforma e, em pouco tempo, tornou-se um elo menor da cadeia de exibição cinematográfica montada no centro de São Paulo. E com a transformação urbana da cidade e do bairro, além da crise da Cinelândia, a partir da década de 1960, o cinema São Pedro perdeu prestígio. Em 1967 foi fechado.
Foi neste momento, que grupos de teatro, que questionavam os rumos dados
Interior do Teatro - Foto Sec.Cultura
à cultura nacional e ao próprio país, ocuparam o velho cine-teatro. Coube ao Grupo Papyrus dar início a esta nova fase. Liderado pela atriz Lélia Abramo e a diretora Maria José de Carvalho e integrado pelo ator Marcos de Salles  Oliveira, o artista plástico Abram Fayvel Hochman e o produtor Vicente Amato Filho. Porém, por falta de recursos suficientes, o grupo não pode levar adiante o seu projeto .
Assim, o São Pedro foi arrendado a novos inquilinos, o casal Beatriz e Maurício Segall e o ator e diretor Fernando Torres. Após adequações de espaços e reformas, o teatro reabriu no final de outubro de 1968 com apresentações de música erudita. A programação teatral foi iniciada no mês seguinte, com a montagem de “Os Fuzis da Sra.Carrar” (Bertolt Brecht) dirigida por Flávio Império.

 Palcinella e Arlecchino- Foto Heloisa Bortz
Em 11 de setembro de 1970, foi aberta uma nova sala de apresentações, voltada a pequenos espetáculos, com o nome de Studio São Pedro. A peça de estreia, “A Longa Noite de Cristal”, de Oduvaldo Viana Filho, ganhou o Prêmio Molière daquele ano. Nesse mesmo ano, foi encenada, na sala grande, um dos maiores sucessos da década, o musical “Hair”, dirigido por Ademar Guerra. Outra característica marcante da época foi a recepção e incorporação ao Studio de artistas e grupos de trabalho perseguidos e censurados como os Teatros Oficina e Arena (entre os quais Renato Borghi, Celso Frateschi e Fernando Peixoto). Muitas peças importantes foram encenadas, incluindo “Os Tambores na Noite” (Brecht), “A semana” (Carlos Queiroz Telles), “Frei Caneca” (Carlos Queiroz Telles), “Frank V” (Dürrenmat) e “Calabar” (Chico Buarque e Ruy Guerra).
Tombamento e recuperação
Apesar do sucesso das montagens, problemas financeiros e internos do grupo obrigaram Segall a alugar a grande sala do teatro ao Governo do Estado e a desistir das produções próprias no Studio. A partir de 1974, o teatro serve também de sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a direção do maestro Eleazar de Carvalho. A São Pedro Produções Artísticas encerrou suas atividades em 1975, embora Maurício Segall continuasse na direção do teatro até 1981. No final dos anos 70, o teatro foi sublocado para diferentes grupos e apresentou ainda peças com Beatriz Segall à frente do elenco, e três montagens marcantes: “Macunaíma” (Mário de Andrade), sob a direção de Antunes Filho, em 1978; “Ópera do Malandro” (Chico Buarque), dirigida por Luis Antônio Martinez Corrêa, em 1979, e “Calabar”, dirigida por Fernando Peixoto, em 1980.
Em 81, depois de nova fase de abandono, o governo estadual iniciou o processo de tombamento do teatro, concluído em agosto de 1984, pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico). As obras de restauração incluíram a recuperação de elementos arquitetônicos originais da construção e a reforma completa da infra-estrutura, com implementação de novos equipamentos cênicos, de conforto acústico, térmico, funcional e de segurança, devidamente integrados ao restauro. 
Em 24 de março 1998 o novo Theatro São Pedro foi reaberto ao público, o que significou o início de uma nova orientação. O projeto de recuperação, iniciado nos anos 80, fez parte de um conjunto de intervenções visando a revitalização do centro da cidade. No ato de abertura, a Secretaria do Estado da Cultura, nova proprietária do teatro, anuncia que o mesmo seria a sede provisória da OSESP até a conclusão das obras da Sala São Paulo, na Praça Júlio Prestes. A Orquestra iniciou a nova programação da casa apresentando a ópera “La Cenerentola” (A Cinderela), de Rossini.
Mesmo com a  saída da Orquestra, em julho de 1999, não houve alteração
A Orthesp - Foto: Heloisa Bortz
das diretrizes do teatro e vieram as apresentações da Camerata Fukuda, dirigida por Celso Antunes, e uma versão para marionetes da última ópera de Mozart, “Flauta Mágica para Crianças”. Em 2000, a vocação operística do teatro foi confirmada não só com montagens do repertório europeu tradicional, como “O Barbeiro de Sevilha” (Rossini), “As Bodas de Fígaro”,”Don Giovanni” e “A Flauta Mágica” (Mozart), mas também ccm inovações brasileiras como “Domitila”, monodrama baseado nas cartas trocadas entre Dom Pedro I e a Marquesa de Santos, “Pedro Malazartes”, comédia musical de Camargo Guarnieri, “Ventriloquist” e uma “pocket opera” dirigida por Gerald Thomas. 

Ainda no mesmo ano, o São Pedro inicia a série “Sempre aos Domingos”, de junho a novembro, com a Orquestra de Câmara Villa-Lobos. E, com a criação da Orquestra do Theatro São Pedro (Orthesp), em 2010, a instituição consolidou a sua posição de o mais importante teatro de ópera do país.

Motivada pela bem sucedida experiência, a direção do teatro programou para o ano seguinte uma temporada de óperas pré-definida, com sete espetáculos, entre as quais se destacou uma inédita “L’Oca del Cairo”, de Mozart. Também nesse ano, começaram os espetáculos de dança, como o “Dos a Deux”, de André Curti e Artur Ribeiro, inspirado em “Esperando Godot” (Beckett). No início de 2002 foram abertos dois novos espaços no São Pedro:  a Sala Dinorá de Carvalho, de 90 lugares,  para recitais e grupos de câmara, e o Centro de Memória da Ópera do Theatro São Pedro, constituído a partir do acervo de mais de 6.300 peças de figurino doado por Fausto Favale.
Fachada do teatro- Foto Heloisa Bortz
Com todos os desafios em sua trajetória secular, o antigo cine-teatro São Pedro preservou as atraentes linhas arquitetônicas originais do prédio  o que faz da casa um dos poucos marcos da cultura do começo do Século XX que ainda sobrevivem na paisagem urbana de São Paulo. Além disso, a restauração permitiu adequar o teatro às exigências cênicas atuais, tornando-o moderno, mas sem perder as características clássicas indispensáveis.

O teatro oferece atualmente 636 lugares, distribuídos entre dois balcões, com capacidade para acomodar 110 e 124 pessoas e uma plateia com mais 396 lugares, além de outros seis para portadores de deficiência.

Sob nova direção

A partir de 1º de maio, a Organização Social Santa Marcelina Cultura assumiu a gestão do Theatro São Pedro, incluindo a Orquestra e a Academia de Ópera, a pedido da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Em comunicado, a entidade informou que “os recursos repassados ao longo de 2017 garantirão a realização de 24 récitas de ópera, seis concertos da orquestra, 30 concertos de câmara, além do funcionamento da Academia de Ópera com 24 alunos e 80 aulas, master classes e workshops e quatro ensaios gerais abertos. Em relação aos músicos originários da Orthesp, os recursos  permitirão a contratação de 33 músicos profissionais”.

Em setembro, a programação no Theatro São Pedro abrirá com a encenação da “Flauta Mágica” (Pocket Ópera), de Mozart, nos dias 1, 2 e 3, com a Orquestra de Bolsistas do Theatro São Pedro sob a regência de Juliano Dutra. Horários: sexta, 20h; sábado, 15h; domingo, 17h. Ingressos: Plateia - R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia-entrada) - 1º Balcão - R$ 25 (inteira) e R$ 12,50 (meia-entrada) - 2º Balcão - R$ 15 (inteira) e R$ 7,50 (meia-entrada)

Também no sábado (2), às 20h, haverá o Concerto de Câmara, com músicos da Orquestra do Theatro São Pedro e a cantora convidada Catarina Taira ( mezzo-soprano). O programa terá composições de W. Lutoslavwky ( Mini Overture), R. Victório (Tetragrammaton VII), G. Crumb( Vox Balaenae, for three masked players) e L. Berio ( Folk songs). Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada)


Endereço: Rua Dr. Albuquerque Lins, 207 / Rua Barra Funda, 171 (Bilheteria). Tel.: (11) 3661 6600 / 3667 0499 (Bilheteria). Terça a sábado, das 10h às 20h; Domingos, das 10h às 18h (Atendimento ao público). Metrô: Estação Marechal Deodoro (Linha 3/Vermelha).



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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Palco de tragédia, castelo mal-assombrado ressurge como polo social
foto: Rogério Santos
Já se passaram 80 anos daquela noite de 12 de maio de 1937, quando um tríplice homicídio chocou a sociedade paulistana e ganhou as manchetes da crônica policial da Capital. O crime, até hoje envolto em mistério, ocorreu numa luxuosa construção do início do século XX e conhecida como o Castelinho da Rua Apa, bairro de Santa Cecília, no Centro da cidade. E envolveu três membros da mesma família: a mãe, Maria Cândida Guimarães, 73 anos, proprietária do imóvel, e seus dois filhos, os advogados Álvaro Guimarães Reis, 46, Armando Guimarães Reis, 43, foram encontrados mortos ao lado de uma pistola automática parabellum calibre 9.
No último dia 6 de abril, o Castelinho, todo restaurado, pintado de amarelo, com dois andares e 180 metros quadrados, e localizado no número 236 da Rua Apa, esquina com a Av. São João, voltou a ser destaque na imprensa e redes sociais da Internet. Mas, desta vez, por outro motivos. Após 50 anos de abandono, em ruínas, ponto de encontro de usuários de drogas e depósito de sucata, e tido, pelos mais superticiosos, como mal-assombrado, o imóvel foi tombado, inteiramente restaurado e se tornou a sede do Clube de Mães do Brasil.
Trata-se de uma ONG, entidade filantrópica sem fins lucrativos e que desde 1997 ocupa o espaço e ali desenvolve um amplo projeto voltado para a população em situação de vulnerabilidade social. Haverá sempre atividades de cunho social, educacional e  cultural, atendendo a crianças, moradores de rua, dependentes químicos e catadores de papel da região. O Clube foi fundado pela maranhense Maria Eulina Reis Hilsenbeck, uma ex-moradora de rua.
 Uma longa batalha
foto: Clube de Mães
A luta de Maria Eulina para concretizar o seu sonho de ajudar os deserdados da sorte exigiu a superação de vários obstáculos, sempre com muitas dificuldades, uma constante em sua vida, desde que deixou o Maranhão em 1971, com apenas 20 anos.
Antes de fundar a ONG, o primeiro passo foi ter o direito de usar o prédio, que pertencia à Ùnião. Isso foi conseguido por meio da intermediação da então Primeira Dama, Dona Ruth Cardoso, já falecida. A concessão de uso foi assinada em 1996 pela Secretaria do Patrimônio da União, subordinada ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Mas o Clube de Mães do Brasil só entrou na posse do imóvel em 1997, depois do despejo das pessoas que haviam invadido o local, que estava abandonado desde 1982 e em ruínas, usando-o como depósito de sucata e ferro velho.
O próximo passo foi vencer a burocracia e liberar o prédio para uma ampla reforma, pois ele estava detonado. Projetado e construído em 1912, por arquitetos franceses, para servir de residência à família Guimarães Reis, o imóvel já estava com processo de tombamento aberto pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo  (Conpresp) desde 1991 e foi concluído em 2004, sendo declarado Patrimônio Histórico e Cultural.
foto: Clube de Mães
Na sequência, Maria Eulina iniciou a longa e exaustiva procura de parceria com um arquiteto para elaborar um projeto de restauração do prédio. Depois de 17 tentativas, o bom samaritano apareceu na pessoa de Milton Nishida, que aceitou o desafio, fez os primeiros levantamentos em 2010 e começou as obras em 2015.
A última etapa também não foi fácil, a obtenção dos recursos. Que vieram do Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos, da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania. Foram liberados R$ 2,6 milhões de reais para recuperar a histórica construção, com o compromisso de a ONG transformar o Castelinho um centro social e cultural para atender à população de rua.
Sobre o Clube de Mães do Brasil
A fundadora da ONG, Maria Eulina Hilsenbeck, conhecia bem a problemática das pessoas que vivem nas ruas e de onde tirou seu aprendizado, de 30 anos de sofrimento.
foto: Clube de Mães
Sua dura vida começou quando saiu da desconhecida São José dos Basílios, no sertão do Maranhão, em 1971 para “tentar a sorte na cidade grande”, São Paulo. Morou por uns tempos com uma prima, mas teve que deixar a casa por imposição do marido dela. E após gastar todas as economias com o aluguel da pensão, sem emprego, foi morar na rua. E por várias noites dormiu no abandonado Castelinho da Rua Apa. Ficou dois anos na miséria até que, com a ajuda de uma benfeitora que conheceu quando perambulava pelo Parque Dom Pedro II, arrumou trabalho em uma fábrica de laticínios. Algum tempo depois, sua sorte mudou e casou-se com um executivo alemão da própria empresa e que quase a demitiu..
Depois de um período de readaptação social, em 1993 transformou em realidade o antigo sonho de fundar uma instituição para atender os que estão em situação de rua e socialmente vulneráveis. Ao longo dos seus 24 anos de atividades, o Clube de Mães do Brasil mantém-se fiel aos objetivos para os quais foi criado: “desenvolver projetos principalmente de capacitação profissional, inserindo as pessoas no contexto social para torna-las independentes economicamente, direcionando-as para o mercado de trabalho, estimulando o empreendedorismo e rendas alternativas e contribuindo com a qualidade de vida, o conhecimento cultural, ambiental e econômico.”
Fase de ajustes
Apesar de ter sido inaugurado como sede do Clube de Mães do Brasil, em abril deste ano, com a presença do governador do Estado e registro em toda a imprensa, o atendimento à população de rua no Castelinho ainda não está como dona Maria Eulina deseja. E isso talvez só ocorra a partir de janeiro, pois o prédio passa por uma fase de ajustes nas suas instalações, que terminará em dezembro. Mesmo assim, em todo último domingo do mês, a ONG faz uma ação social no pátio interno do Castelinho, que inclui um almoço especial para os moradores de rua, e termina às 18 horas com a exibição de um filme. Neste próximo (27) será apresentado “Em busca da felicidade”. O anterior foi o nacional “Os Dois Filhos de Francisco”.
foto: Clube de Mães
No momento, as atividades como os cursos de corte e costura e de capacitação profissional, por exemplo, são realizadas num outro prédio da ONG, com entrada pela Av.São João, número 2.150. Mas este edifício, de dois andares e um subsolo, ao lado do Castelinho, tem utilização parcial por causa de uma umidade na parte superior provocada por infiltrações no telhado, problema que está sendo reparado.
Um outro problema, este mais grave e de caráter financeiro, é que a ONG não recebe qualquer tipo de subvenção do Município, Estado e União ou auxílio de entidades privadas. Atende diariamente 50 moradores de rua, que procuram o local principalmente para se alimentar, ou em busca de encaminhamento para tratamento de problemas de saúde, assistência jurídica e de roupas.
Há dificuldade para o pagamento das despesas com luz e água e, claro, com os gêneros alimentícios de primeira necessidade. E, para ajudar, foi criado até um grupo de voluntários, no mês passado. São 30 pessoas, mas a ONG precisa de mais gente e está fazendo um apelo aos interessados em aderir e colaborar com o trabalho da entidade: toda doação financeira nas contas bancárias da instituição é bem-vinda, além de roupas masculinas, que têm intensa demanda.
Dentro do Projeto Ecoarte-Sustentabilidade Ambiental, em uma lojinha no prédio ao lado do Castelinho são vendidas, a preços bem acessíveis, bolsas, sacolas de supermercados/feira, porta-objeto, carteira de bolso, sacola de viagem e praia, avental, nécessaire, porta-niquel, porta-celular e estojos, tudo produzido por pessoas de baixa renda e vulnerabilizadas socialmente.
Outro projeto em andamento são as Oficinas Profissionalizantes para capacitar as pessoas
foto: Clube de Mães
assistidas por meio dos cursos de corte e costura (malharia e tecido) e marcenaria (com enfoque no reaproveitamento de caixotes de feiras livres. Até agora 70 mil pessoas já foram capacitadas. Também têm grande demanda o projeto Polo de Modas, em parceria com o Fundo de Solidariedade do Governo do Estado, criado para capacitar agentes multiplicadores.
Contatos para mais informações e agendar visitas: ONG Clube de Mães do Brasil  telefone 3662-1444 – Av. São João, 2.150; Castelinho da Rua Apa, 2367– Santa Cecília 


quarta-feira, 16 de agosto de 2017





Um mar que Minas nunca teve. E cercado de cânions.


Lago de Furnas - Foto: Vida Sem Paredes

Está registrado na história que, no dia 9 de janeiro de 1963, o túnel que desviou o curso do Rio Grande para a construção da Usina de Furnas foi fechado. E as águas que formaram um dos maiores reservatórios do mundo, criando praias, cânions e cachoeiras, inundaram vilarejos, mudando para sempre a história dos 34 municípios que ficam ao longo dos 1.440 km2 de extensão do imenso Lago de Furnas.

Claro que já havia ouvido falar bastante sobre aquela que foi a primeira usina hidroelétrica de grande porte do pais, localizada no Estado de Minas Gerais, entre as cidades de. São José da Barra e São João Batista do Glória. Mas, mesmo viajando por quase todo o Brasil, trabalhando pelo então Suplemento de Turismo do "Estadão", por mais de uma década, nunca tive a oportunidade de conhecer o Lago de Furnas, que surgiu em consequência da obra. 

O Lago de Furnas fica na região de Capitólio, a 279 quilômetros da capital mineira e há bom tempo é vendido nos convidativos e atraentes pacotes das agências de viagens como o "Mar de Minas". O que, de certa forma, até se justifica não só por ser a maior extensão de água de um Estado, que fica distante do mar, mas também porque é um dos maiores e mais limpos lagos artificiais do mundo, E se transformou, com o passar dos anos, em um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil, recebendo também um considerável contingente de visitantes de outros países.  

Cânions - Foto: Divulgação
Com um volume equivalente a 2,6 bilhões de metros cúbicos, quando há fortes ventos ocorrem ondas, dando a impressão de ser um braço do mar.  Em toda a extensão do Lago, deságuam númerosas cachoeiras e cascatas, identificando a região como um verdadeiro paraíso. Estes aspectos atraem turistas e moradores para a prática de diferentes atividades náuticas, de pesca, caça subaquática, natação, trekking, jet ski, paraglider, banho de sol, além do ecoturismo. Tudo cercado por um cenário cuja beleza dispensa comentários.

Mas, sem dúvida, à principal atração:em Capitólio, localizada entre a Serra da Canastra e o Lago de Furnas, são  os passeios de lanchas, escunas e chalanas com direito a parada para banhos em suas águas límpidas e profundas, por entre os cânions, com 20 metros de altura. As excursões podem se estender por horas, dependendo dos roteiros comprados nas agências que atuam na região ou nos hotéis em que o turista se hospedar.   



Passeio no Lago Azul - Foto Divulgação
 É longe, mas compensa

Na linguagem característica do mineiro, Capitólio não fica a um pulinho dos principais centros do país, como São Paulo, Rio de Janeiro e da própria capital do Estado, Belo Horizonte. Esta, que é mais perto, está a 279 quilômetros, percurso que, de carro, pode ser coberto em torno de 3h45. 

Partindo de São Paulo, são 440 quilômetros, e  será preciso dirigir por cerca de 5h30, usando a Fernão Dias. Bem mais cansativa é a viagem para quem sai do Rio de Janeiro, distante 634 quilômetros e rodando 8h30. 

Este blog mostra o mapa com as rodovias a serem utilizadas para quem for de carro. De
BH a empresa Gardênia tem ônibus até Capitólio, Mas, o recomendável é fazer a viagem de carro próprio, de qualquer ponto de partida, até para facilitar os deslocamentos e chegar às principais atrações, hotéis e restaurantes, que ficam fora do perímetro urbano da cidade. E muitas estão às margens da MG-050, que dá acesso a Capitólio., 

Outra sugestão: tente fazer esta viagem em grupo, para dividir as despesas com o combustível e os custos dos passeios em Capitólio e região. Uma permanência de quatro a cinco dias é suficiente para conhecer tudo. Um detalhe importante; algumas cachoeiras ficam em propriedade particular e neste caso é cobrada uma taxa de visitação. Paga em dinheiro.  

A rede hoteleira dispõe de numerosos hotéis e bastante confortáveis. Há também muitas e boas pousadas e áreas de camping, como na Pousada do Rio Turvo, alternativas mais econômicas para quem for de onibus. Caso esteja com um grupo de amigos, vale a pena alugar uma casa e rachar a conta. Particularmente na alta temporada, férias, feriados prolongados e no período do carnaval, quando os preços das diárias são bem mais caros. 

Procure reservar com antecedência e para saber quais os melhores hotéis e pousadas em Capitólio e região, com a localização exata e os preços das diárias e dos passeios, e as dicas das principais atrações, acesse alguns destes sites especializados: Vida Sem Paredes, Booking, Tripadvisor, Visiteminasgerais, Hotelurbano, Feriasbrasil, Ecoviagem e Trivago, entre outros. Agências de viagens, como a CVC, tem pacotes interessantes com duração de cinco dias para Capitólio, com saída de São Paulo.

Qualidade na mesa

Comer bem em Capitólio e no entorno do Lago de Furnas, não é problema. Além da tradicional cozinha mineira, os restaurantes exploram bem a principal matéria prima da região, o peixe. E a grande estrela do cardápio pode ser provada no Restaurante Cozinha da Roça: Tilápia Recheada com queijo, um prato delicioso, com preço acessível e dá para três pessoas. O estabelecimento fica no balneário de Escarpas do Lago, a alguns minutos do centro da cidade,  

Outras boas referências em Capitólio, com pratos da cozinha brasileira e sulamericana, são:o Restaurante do Turvo, Kanto da llha, Restaurante e Churrascaria Mirante do Lago e Hud"s Lounge Escarpas do Lago, no hotel do mesmo nome, todos próximos ao Lago de Furnas, alguns com vistas privilegiadas. 

Um lembrete final: se for apreciador da marvada pinga, Capitólio tem excelentes cachaças.

Uma história com dramas

Capitólio - Foto: Divulgação
Para construir a maior usina hidrelétrica do país, na época, com capacidade de gerar uma potência elétrica de 1.216 MW, vieram profissionais estrangeiros, principalmente ingleses, e foram importados equipamentos da Itália, Suécia, Estados Unidos, Suíça, Canadá e Japão..

Se foi difícil abrir túneis e galerias, para desviar o curso dos rios Grande e Sapucaí, convencer os proprietários de terras dos municípios da região a vendê-las para a central Elétrica Furnas, em nome do interesse nacional, não foi menos fácil. Nem todos aceitaram e houve gente, como Dona Clarisse de Souza Rodrigues, já falecida, para quem nem o dinheiro oferecido, nem a ameaça de ver tudo ficar debaixo d´água era suficiente para deixar sua terra. 

A maioria recebeu o valor venal, depositado em juízo pela empresa, mas ela deu muito
Morro do Chapéu - Foto: Divulgação
trabalho aos advogados de Furnas. Nem mesmo uma carta do presidente Juscelino a convenceu de vender as terras. Dona da fazenda Corredeiras, onde estão hoje as instalações da usina e o bairro, ela deu até tiros de carabina para não ser desapropriada, de acordo com um 
depoimento de seu filho, José Rodrigues Filho, ex-funcionário de FURNAS.

"Minha mãe era brava e para ela as terras não tinham preço. Furnas oferecia dinheiro, fazendas melhores que a nossa e ela não aceitava nada. As obras começaram com ela no canteiro. Ela só foi convencida depois que um advogado da empresa lhe deu presentes, a levou ao Rio de Janeiro, e ofereceu um sobrado alugado na nova São José da Barra, todo mobiliado, com geladeira e tudo mais que só milionário tinha na época. Ela nunca tinha visto nada igual".

O aluguel do sobrado por cinco anos, mais 2,7 milhões de cruzeiros, "em notas bonitas, douradas", fizeram Dona Clarisse mudar-se com a família. "O dinheiro ela emprestou, guardou, acabou. Ela morreu numa casinha humilde, na rua Alagoas", contou o filho, que trabalhou como servente, zelador, ajudante de cozinha, cozinheiro e garçom na Casa de Visitas de Furnas.


Autêntico cartão postal - Foto Divulgação
A maioria dos municípios inundados possuía vocação agropecuária, mas com o alagamento das áreas produtivas diversificaram suas atividades. Surgiram pequenos comércios e o turismo, ainda pouco explorado, tornou-se a opção natural para geração de renda na região. Há mais de 200 empreendimentos turísticos, entre hotéis, pousadas e clubes náuticos, segundo a Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago) que movimentam a economia local, gerando empregos e impostos para os municípios

#minasgerais # lagodefurnas# viajarémuitobom #Associaçaodosmunicipiosdolagodefurnas

 

quinta-feira, 10 de agosto de 2017





Vista Panorâmica - foto: Divulgação

Para quem ainda não conhece, e até nunca ouviu falar no lugar, Gonçalves seria apenas um sobrenome de família. É um grande equívoco. Esta pequena cidade, encravada na Serra da Mantiqueira, faz parte do chamado circuito turístico Serras Verdes do Sul de Minas, ao lado de Monte Verde, e de Santo Antônio do Pinhal e Campos do Jordão, no Estado de São Paulo. E se tornou um destino cada vez mais procurado, principalmente por quem é adepto do ecoturismo e da prática de atividades aquáticas e radicais que incluem o aquatrekking, bóia cross e cachoeirismo.

Caminhando em Gonçalves:
 foto: Simone Amato
Mas a demanda também é grande pelos que buscam o convívio da natureza, fugindo do agito dos grandes centros urbanos, em uma região caracterizada por um clima de montanha e ar puro, a tranquilidade e a hospitalidade mineira. Tudo cercado por belas paisagens, com bosques de araucárias, cachoeiras e ribeirões que formam piscinas naturais, trilhas para caminhadas em meio a mata e picos para serem escalados. Tem ainda um artesanato variado e de bom gosto, rede hoteleira confortável e restaurantes que oferecem a comida típica da fazenda, feita em fogão à lenha, complementada por doces e tortas irresistíveis.

Uma excelente oportunidade para você conhecer este verdadeiro resumo de Minas  e provar a qualidade e variedade da culinária local é o próximo Festival da Cultura e Gastronomia da Roça, que já vai para a sua sexta edição. É realizado de 27 a 29 de outubro e de 2 a 5 de novembro. O evento, promovido pela Associação Pró-Turismo de Gonçalves, em parceria com a Prefeitura local, atraiu mais de 10 mil pessoas em 2016 e reuniu 23 participantes, entre restaurantes, bistrôs, botecos e cafés.

Bruce leva você às cachoeiras

Contato direto com a natureza
foto: Simone Amato
Os principais pontos de interesse turístico no município, claro, envolvem o contato com a natureza. E conhecê-los vai depender do seu tempo de permanência, gosto e disposição para caminhadas em trilhas e escaladas em pedras e picos com maior ou menor grau de dificuldade e banhos nas piscinas naturais das numerosas cachoeiras e ribeirões. A maioria dos locais tem fácil acesso, mas é aconselhável, para não correr riscos, fazer os passeios acompanhados de um guia. As pedras não possuem parapeito e as cachoeiras não contam com barras de segurança.

E por falar em guia, pode acreditar não há melhor do que o Bruce, um cão da raça Golden Rewtrever, de 5 anos, que mora em uma pousada e é a mais nova atração em Gonçalves. O animal, muito dócil, conhece as trilhas e vai na frente conduzindo o turista pela mata, sem vacilar, até cachoeiras como as de Sete Quedas e do Cruzeiro. E até toma banho nas piscinas naturais das quedas para se refrescar. Depois, faz o caminho de volta até a porta do quarto do hóspede. Bruce, o cão guia de turismo, já virou um astro de TV, aparecendo em uma reportagem do Programa Hoje em Dia, do R7.  Só um detalhe: a demanda pela companhia de Bruce é grande.

Neste roteiro de aventuras está a Pedra Bonita, com 2.120 metros de altitude. Do seu topo pode se avistar a Serra do Mar, uma parte do Sul de Minas e o Vale do Paraíba. O acesso é por uma trilha em mata fechada, a 1.500 metros de altitude, até onde dá para chegar de carro. O percurso da trilha é, em média, de sete horas, sendo necessária a presença de guias turísticos.

Assim é Gonçalves
foto: Simone Amato
Outra pedida é a Pedra Chanfrada, com 1.771 metros de altitude, que fica no Bairro Terra Fria, a 10 km da zona urbana. Lá de cima é possível ver a Pedra do Forno, Bauzinho e o Pico Agudo, em Campos do Jordão. 

A Pedra da Divisa, com 1.400 metros de altitude, é um grande bloco de rocha que faz parte do complexo da Serra da Balança. É muito utilizado em escaladas, com vários caminhos para a prática desse esporte. Do alto pode-se observar a Pedra do Baú e as cidades de Sapucaí Mirim e Campos do Jordão. O acesso até o topo da pedra é feito com carros de tração 4X4, de moto ou a pé. 

No bairro Atrás da Pedra, a 6 km da zona urbana, está a Pedra do Cruzeiro. Tem 1.152 metros de altitude e é muito conhecida por ser palco de uma Via-Sacra, na Sexta-feira Santa, que atrai também adeptos do turismo ecológico.

Um dos pontos mais procurados é a Pedra do Forno, com 1.913 metros de altitude. Está localizada no Bairro Terra Fria e a caminhada dura 1h00, em meio a bela paisagem, Próximo do topo, o caminho termina em degraus de ferro que são presos à pedra. 

Não faltam cachoeiras
foto: Simone Amato
A Pedra do Grotão fica no bairro do mesmo nome. A trilha que leva até ela é bastante íngreme e tem muita vegetação nativa. É muito utilizada para esportes de aventura, entre os quais o rappel. Lá de cima  avista-se a Pedra do Baú, Campos do Jordão e vários bairros de Gonçalves.

E tome cachoeiras
foto: Simone Amato
A última atração  é também a mais distante: Pedra de São Domingos, no município vizinho de Córrego do Bom Jesus, a cerca de 20 km do centro de Gonçalves.  A vista é fantástica e em dias ensolarados é possível ver várias cidades do Sul de Minas e até mesmo a Rodovia Fernão Dias. O acesso pode ser feito por trilha, em caminhada de 19 quilômetros ou de carro até o topo num total de 22 km,



Pra quem gosta de água fria
foto: Simone Amato
Quanto ás quedas d’água, são indicadas as Cachoeiras do Retiro, do Simão, dos Henriques, das Andorinhas e do Cruzeiro, localizadas mais próximas do centro de Gonçalves. Vá sempre com um guia.
Um pouco da história
 
De acordo com os registros, Gonçalves tem sua origem ligada á construção da capela de Nossa Senhora das Dores, erguida de sapé e taipa, em 1878, em terras da Fazenda Rio Manso, na divisa entre Minas e São Paulo, doadas por Policarpo Júnior como pagamento de uma promessa. Ele era o filho caçula do imigrante português Policarpo Teixeira de Andrade de Queiroz, que vaio para o Brasil em 1825. Em 1897, por sentença judicial, a capela foi transferida para as margens do rio Sapucaí, onde hoje é a igreja Matriz, cujo alicerce data de 1920, feito com maciços blocos de pedra da região transportadas pelas famílias de Gonçalves em carros de boi. A inauguração ocorreu somente em 1973.

Ateliê Dona Rosa
foto: Simone Amato
Alguns historiadores contam que o motivo da mudança da primitiva capela foi uma divergência entre os primeiros moradores e herdeiros da fazenda. Três colonos mestiços e solteiros residiam no local: Mariana Gonçalves, Maria Gonçalves e Antônio Gonçalves que não deixaram descendentes mas legaram seus nomes à capela que é popularmente conhecida como Capela das Dores dos Gonçalves. Daí o nome dado á cidade.

O pequeno povoado se desenvolveu. foi elevado a Distrito da Paz e, desde 1º de março de 1963, Gonçalves tornou-se município deixando de ser distrito de Paraisópolis, com quem se limita. Sua população fixa é de pouco mais de 4 mil habitantes, a maioria vivendo na zona rural. A atividade agrícola cresceu de tal forma que há inclusive uma empresa de produtores orgânicos que realiza uma feira aos sábados e que, de caminhão, leva cestas para abastecer restaurantes especializados na cidade de São Paulo.

Onde se hospedar

Chalé Cafundó
foto: divulgação
O receptivo de Gonçalves dispõe de um bom número de estabelecimentos confortáveis, que inclui dezenas de pousadas e chalés. Muitos incluem o café da manhã na diária. Um dos melhores nesta categoria é o Chalés Cafundó, que tem diária a R$ 220 o casal. Mas na
Festival de Gastronomia
foto: Divulgação

época de eventos como o próximo Festival de Gastronomia, Festival de Inverno e férias,  em julho, e feriado religioso, como a Semana Santa, nas festas de Natal e Ano Novo, aconselha-se fazer reserva com antecedência.  Agências de viagens em São Paulo, Rio e Belo Horizonte e sites como o da Associação Pró-Turismo de Gonçalves (Gonçalvestur) ajudam você a escolher a opção que melhor combina com o seu bolso.

Não faltam bons restaurantes
foto: Simone Amato
Na hora de provar a saborosa comida mineira, da fazenda mesmo, que inclui o tradicional feijão tropeiro, e até pratos da cozinha internacional, há muitas e excelentes opções. A maioria dos estabelecimentos fica no centro da cidade ou nas próprias pousadas. Mas em bairros mais rurais há famílias que recebem em suas casas e servem as comidas típicas da região..

Os caminhos até Gonçalves
 Escolha a melhor opção, desde São Paulo.
 Pegue as rodovias Ayrton Senna e Carvalho Pinto (SP-070) até Taubaté, continuando na Floriano Rodrigues Pinheiro (trecho da BR-383) sentido Campos do Jordão. Observar a saída para Santo Antônio do Pinhal (SP-046), atravessar a cidade e pegar a Rodovia Monteiro Lobato (BR-050) – direção sul de Minas – até a saída indicando São Bento do Sapucaí (SP-042). Passar por São Bento e seguir em frente por mais 7 km, cruzando a divisa com o Estado de Minas (MG-173), até a próxima saída à esquerda para Gonçalves. A partir desse ponto, são mais 13 km subindo a serra até a cidadeTotal em km: 221.
A paisagem está completa
foto: Simone Amato
 Ou vá pela Dutra (BR-116) até Taubaté, continuando na rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro (trecho da BR-383) sentido Campos do Jordão. Observar saída para Santo Antônio do Pinhal (SP-046), atravessar a cidade e pegar a rodovia Monteiro Lobato (BR-050) – direção sul de Minas – até a saída indicando São Bento do Sapucaí (SP-042). Passar por São Bento e seguir em frente por mais 7 km, cruzando a divisa com o Estado de Minas (MG-173), até a próxima saída à esquerda em direção a Gonçalves. A partir desse ponto, são mais 13 km subindo a serra até a cidadeTotal em km: 211.
Caso prefira a Fernão Dias (BR-381), siga até o km 899 em Cambuí. Saia à direita, atravesse a cidade seguindo as placas indicando Córrego do Bom Jesus e Gonçalves. Após Córrego do Bom Jesus, começa a estrada de terra por 23 km. Em dias secos, não há problema, mas se estiver chovendo e o carro não for 4×4, é desaconselhável seguir por ela. Total em km: 183.